E agora, José?

Ontem foram seus avós, hoje seus pais e amanhã você. Os ciclos da existência humana se repetem desde os tempos mais antigos que a memória registra. As comemorações de Natal nos fazem ver com muita clareza este tema, quando reunimos a família ao redor da mesa da ceia natalina e se torna clara a fragilidade da condição do ser humano na face do planeta. As crianças, os adolescentes, os adultos jovens, os adultos maduros e os muito idosos. Apenas o simples olhar para a face de todos eles já é suficiente. Nenhuma dúvida pode restar então. O Natal, com toda sua riqueza de simbolismos históricos, marca uma data magna para os cristãos de todo o planeta. Na humildade e pobreza de uma estrebaria, nasce a criança que viria mudar os rumos de milhões de vidas daí em diante. A imagem daquele local deixa no ar uma pergunta que se repete ano após ano. Podemos ser felizes na simplicidade de uma vida sem riquezas materiais ou não? Podemos ser infelizes vivendo uma vida de luxo e fortuna? Na verdade as alegrias e felicidades de cada um vão depender muito mais de sua consciência e modo de encarar as coisas. Na verdade existem pobres imensamente alegres e felizes e ricos vivendo uma existência deprimida e infeliz. O Natal nos últimos tempos vem sendo atingido por um fenômeno que a sociedade moderna vive, o consumismo, onde ter e possuir estão prevalecendo sobre o ser, colocando em evidencia a citação bíblica que questiona "de que vale ganhar o mundo e perder a alma". O ser humano é posto nos dias de hoje diante de um dilema, que é vencer sempre, conquistar seu espaço no mundo, ser importante, não perder tempo com bobagens, deixar de lado os sentimentos, pois podem atrapalhar as conquistas que são necessárias para se tornar grande entre os homens. Lembro muito de uma afirmação que era moda entre os navegantes portugueses que conquistaram os mares: "Navegar é preciso, viver não é preciso!". O tempo passa de modo inexorável. Os jovens de ontem de repente se olham no espelho e se assustam — já são velhos. Suas vidas estão perto do fim, os anos passaram voando. Como diz uma bela poesia do Drumond de Andrade, "E agora, José”?

Desejo um feliz Natal, com saúde e paz.