Dormiu alegre, acordou triste! - 21 de junho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Foi dormir alegre e normal, como sempre, e acordou muito triste; na verdade sem achar graça em nada.

Isto é apenas um resumo da realidade de muita gente. Na verdade do dia a dia as coisas não ocorrem desta forma. Vão acontecendo quase que em câmera lenta, aos poucos.

Mas, entre tantas desgraças que amedrontam o ser humano, câncer de todos os tipos, obesidade crescente, vulcões, tsunamis, acidentes nucleares, corrupção mundial, surge mais um medo, o da depressão.

Esta notícia, de fato, não traz nenhuma novidade a meu ver. Pelo que se depreende das leituras de documentos muito antigos, o estado de espírito do ser humano já apresentava grandes alterações para baixo.

Com diferentes nomes — tristeza, melancolia, mal de amor, doença da alma e outros tantos — a depressão já frequentava a vida das pessoas desde sempre.

Muita discussão vem sendo travada a seu respeito. Médicos e cientistas se apegam a alterações químicas das enzimas cerebrais, as chamadas endorfinas.

Os filósofos e psicoterapeutas falam da perda das perspectivas existenciais do ser humano. Como se um imenso muro cinzento se colocasse à sua frente e cobrisse todo o horizonte.

Os religiosos, das diferentes denominações, se referem ao afastamento de Deus, a questões de fé; as chamadas crises religiosas.

Não importando as diversas explicações, o sofrimento daqueles atingidos por ela é muito real e gigantesco.

Tenho com muita frequência a oportunidade de atender e conversar com estas pessoas.

Nenhuma delas conseguiu me dizer com clareza o que ocorreu, o que as levou a passar por aquilo. Simplesmente não encontravam uma razão clara para o que aconteceu, diziam que aos poucos foram perdendo a graça de viver, o interesse pelas coisas ao seu redor, foi ficando tudo muito sem sentido.

Para alguns foi a perda de um ente querido muito importante em sua vida que precipitou as coisas. Para outro foi uma decepção com alguém especial; cada um, enfim, procura alguma explicação possível, mas sem muita convicção.

Ainda está longe o dia em que uma explicação definitiva surja para a doença, assim como também drogas que consigam recuperar o humor e a alegria perdida.

Dizem que quem já passou por esta terrível experiência jamais se esquece, e que também nunca mais será a mesma pessoa. A marca permanecera para o resto dos seus dias.

Quem tem razão? A ciência, a religião, a filosofia?

Seria a doença uma mistura de alterações físicas, espirituais e existenciais?

Quem viver verá.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.