Dor, um sinal de alerta para as mulheres

segunda-feira, 04 de julho de 2016

Há duas semanas, uma paciente voltou ao consultório para um exame de rotina, depois de ter passado por uma extensa cirurgia para tratar lesões de uma severa doença que nós diagnosticamos aqui em Nova Friburgo.

O tratamento cirúrgico precisou ser realizado num dos hospitais da rede D’or, no Rio de Janeiro. Foi feito através da técnica de vídeolaparoscopia, por uma equipe composta por especialistas em urologia, cirurgia geral e ginecologia operatória.

Cirurgias deste grande porte, só podem ser conduzidas em hospitais de grandes recursos e contando com estes grupos de profissionais muito bem treinados, pois os riscos de lesões em órgãos vitais durante o ato cirúrgico são muitos e não podem ser desprezados.

A doença a que refiro, que causou muito sofrimento por muitos anos, desde a adolescência, e que até o momento tem impedido esta jovem de ser mãe, atinge 10% da população feminina em todo o mundo. Trata-se da endometriose.  

No passado, desconhecida pela maioria da comunidade médica, como a responsável pelas tremendas crises de dor durante as menstruações, que levavam um grande número de jovens e mulheres adultas a ficar acamadas durante alguns dias, todos os meses, e as afastavam do trabalho e da vida social.

Somente após o surgimento da videolaparoscopia, uma forma pouco agressiva e de baixo risco, pela qual por meio de pequenas incisões da grossura de um lápis aproximadamente, o ginecologista tem acesso ao interior do abdômen com visão privilegiada podendo então fazer uma avaliação da cavidade pélvica colhendo material para exames diagnósticos e desfazendo aderências, além de cauterizar com um bisturi elétrico os focos da doença.

 Se não tratada com cirurgia e medicação adequada a doença pode, além de causar esterilidade definitiva na mulher, provocar lesões nos intestinos e nos rins. São relatados casos de pacientes que por não terem sido diagnosticadas e tratadas a tempo, sofreram seqüelas que obrigaram a retirada de pedaços do tubo digestivo e outras que perderam um rim.

No meio de todas estas complicações, por falta de recursos médicos, e mesmo com eles, muitas perderam a vida devido a infecções principalmente. O principal sinal da doença é a dor na parte baixa da barriga, piorando durante o período da menstruação.

Dores durante as relações sexuais, que chegam a impedir a mulher de ter uma vida normal neste aspecto, também podem acontecer nas fases mais avançadas da doença. A intensidade do quadro doloroso nem sempre está relacionada à extensão da doença.

Por vezes pacientes jovens, com dores importantes, apresentam exames de imagens como ultrasonografias vaginais, e até mesmo ressonância magnética, dentro da normalidade. O diagnóstico inicial de suspeita pode ser feito pela queixa clínica e por exame físico, mas a comprovação é por meio da videolaparoscopia.

Atualmente dispomos de excelentes medicamentos, que tiveram seus preços bastante reduzidos ficando acessíveis a quase todas as mulheres, que sem efeitos colaterais permitem uma grande melhora e controle da doença.

Se você tem fortes dores na parte baixa da barriga, que pioram durante as menstruações, procure seu ginecologista. No início os tratamentos dão os melhores resultados.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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