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Como estaria a humanidade hoje sem os anticoncepcionais?
Um drama cuja frequência vem crescendo nos consultórios dos ginecologistas é o dos casais sem filhos. Se em tempos passados este assunto passava desapercebido, hoje, devido à grande divulgação pelos meios de comunicação e principalmente pelas novelas das TVs, os casais perderam o receio de buscar ajuda. O constrangimento de tornar público um problema que era apenas deles foi a última barreira que os afastava de pedir ajuda médica. Apesar de muitos ainda resistirem, e dizerem para amigos e parentes que estão deixando para mais tarde a chegada de um bebê, a verdade é que ainda não conseguiram a tão desejada gravidez pelos meios naturais. Ao contrário do que parece, uma gravidez não é tão fácil de se conseguir, como estalar os dedos. A mulher tem apenas um único dia fértil por mês, o que nos dá um total de doze dias férteis por ano. Muita gente, inclusive as próprias mulheres, ignora este fato e se surpreende quando eu informo isto no meu consultório. Fica espantada e diz que acreditava que poderia engravidar em qualquer data desde que tivessem uma relação sem usar preservativo ou pílula. Dos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, apenas doze são propícios para engravidar. Esta afirmativa realmente espanta as pessoas. E estamos falando de mulheres sem qualquer problema de saúde. Digo isto porque existem muitas que não ovulam sempre, outras que sofrem de alterações nos ovários que as impedem de liberar óvulos sem que sejam estimuladas por produtos químicos. Existem milhares de mulheres que tiveram suas trompas entupidas por doenças inflamatórias causadas por doenças sexualmente transmissíveis. Outras sofrem de endometriose, doença grave, sem saberem e demoram a buscar auxílio médico. Pelo lado masculino, vamos encontrar portadores de problemas como falta total de espermatozoide (azooespermia), espermatozoides fracos, que não conseguem penetrar dentro do óvulo, espermatozoides de má qualidade, que morrem minutos depois de lançados no canal vaginal. Existem casos de mulheres que desenvolvem reação alérgica contra o esperma do seu companheiro e desta forma seu corpo elimina-o logo que entra em contato com o mesmo. Para todas estas dificuldades a moderna medicina apresenta alguma solução. Em alguns casos os resultados são ótimos e em outros muito ruins. Mas, com certeza, à medida que as pesquisas avançam, os resultados vão melhorando e tornando realidade o sonho daqueles que não haviam conseguido engravidar segundo as leis da natureza. Mas se refletirmos sobre este assunto, vamos concluir que mesmo com tantos homens e mulheres sofrendo de distúrbios que os impedem de serem pais, a humanidade já alcançou a espantosa marca de alguns bilhões de habitantes. Imaginemos se assim não fosse, se além de tudo ainda não tivéssemos os modernos métodos de evitar a gravidez, como as pílulas anticoncepcionais? Como estaríamos hoje? Quantos seríamos?
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
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