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Assassinatos em família - 23 de novembro.
Nos anos oitenta, um filme norte-americano deu o que falar durante muito tempo.
Foi assunto de conversas e mais conversas nos meios universitários e nas mesas dos bares e restaurantes frequentados pela turma dos meios artísticos e imprensa.
Abordava a banalização da violência nas grandes cidades dos Estados Unidos. Nova Iorque, por exemplo, apresentava índices de violência bastante altos para os padrões deles, o que veio a ser o sinal de alarme que fez com que as autoridades da área da segurança e também os políticos dessem partida a um movimento em defesa dos cidadãos.
Aqui entre nós, os jornalistas que vivenciam esta mesma violência, em razão do seu trabalho, são unânimes em chamar a atenção de todos para esta mesma banalização.
De tanta violência, que ocorre todos os dias em todos os cantos, um repórter muito famoso já disse que bastava apenas mudar as datas dos jornais e trocar os nomes das vítimas, pois as ocorrências seriam as mesmas.
Nas rádios, jornais e TVs, os crimes do dia de hoje fazem com que esqueçamos os de ontem e dos dias anteriores.
Vivemos na verdade mergulhados num mar de crimes, de todos os tipos. Da agressão sexual contra crianças e mulheres, passando pelos dos colarinhos brancos, das drogas e tantos outros.
Contudo, um tipo de crime contra a vida, assassinatos em família, vem começando a se tornar um assunto mais frequente nos noticiários da mídia.
Com uma repetição dolorosa e que não espanta a sociedade como deveria, e nem causa a mesma revolta de tempos mais antigos, isto talvez porque no meio de tanta barbaridade no dia a dia, as pessoas criam uma espécie de escudo de proteção ao redor de suas consciências, para que a realidade se torne mais suportável e o viver seja menos terrível.
Uma das sociedades médicas mais respeitadas do mundo, a Sociedade de Psiquiatria dos Estados Unidos da América do Norte, lançou, tempos atrás, um comunicado na imprensa de lá, alertando para o aumento dos casos de ansiedade, de síndromes do pânico e outras, na opinião deles, causado pelo clima de insegurança gerado pela violência diária. Aconselhava a todas as pessoas portadoras destas formas de doença que evitassem assistir e ler notícias a respeito de crimes e agressões, para não terem suas doenças agravadas.
Mas, voltando aos crimes familiares, podemos notar sem muito esforço o seu crescimento. Só nestes últimos cinco anos, foram muitos.
Filhos planejando, facilitando ou pessoalmente assassinando seus pais. O motivo básico destes crimes, drogas e heranças.
Indivíduos de todas as camadas sociais, com nenhuma ou com escolaridade superior, desde aqueles que foram jogados desde cedo na luta pela sobrevivência até aqueles que nasceram no chamado berço de ouro.
Como explicar o que leva filhos a perderem o sentido afetivo da relação de toda uma vida de convivência, dos batizados, dos natais, das reuniões familiares, das festas de aniversários e tantos outros momentos que constroem uma existência?
Entre tantas coisas possíveis, não seriam os brandos e suaves castigos que nossa sociedade impõe neste tipos de crime uma das causas?

Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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