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Acabaram as festas de aniversário, o Natal e os ovos de Páscoa!
Durante a ultima semana, a atenção de grande parte do país ficou colada nas emissoras de radio e TV. O motivo era o julgamento de um casal acusado de assassinar uma menina de cinco anos.
O sentido de avaliação da gravidade, ou não, de determinados acontecimentos, por parte da população é extremamente complicado e de difícil entendimento por quem se decida avaliá-lo. Este doloroso caso, assim como muitos outros antes dele, mobilizou os sentimentos de raiva e indignação de milhões de pessoas de diferentes crenças religiosas, orientações políticas, pobres , ricos e remediados. Era como se fosse alguém da família deles que tivesse sofrido aquela violência sem volta, e todos sem exceção, estivessem a postos diante das TVs e ao lado dos rádios, aguardando para ver que castigo seria imposto aos causadores daquela agressão.
Difícil se torna encontrar a razão que faz com que alguns acontecimentos mexam tanto com a alma do povo, enquanto outros passam despercebidos.
Apenas para relembrar, temos os casos de um presidente da nação que levou às ruas milhões de cidadãos, em grande maioria jovens estudantes, pedindo sua expulsão do palácio presidencial, toda uma gigantesca multidão unida por um sentimento comum de indignação contra aquele cidadão. Do outro lado um outro político, famoso em todo o pais por sua fama de grande tocador de obras publicas, que teve sua prisão decretada em dezenas de países mundo afora e anda livremente em seu próprio pais. Este segundo acontecimento parece que nem de longe incomodou a multidão e já passa ao esquecimento. Estas duas ocorrências extremamente graves na esfera política, com reações populares totalmente diferentes.
Voltando ao triste assassinato da menina, pelo próprio pai auxiliado pela madrasta, na capital paulista, nos impressiona a maneira pela qual cada brasileiro incorporou a condição de parente próximo da inocente criança, e desta forma incorporou também o sofrimento da mãe verdadeira . Passaram todos e exigir a mais severa das punições e a esperar pelo momento em que ela cairia sobre as cabeças dos assassinos.
Durante toda uma semana, crianças,adolescentes e adultos esperaram pela sentença.
E ela afinal chegou. Recebida com fogos de artifício nas imediações do local do julgamento, gritos de alegria da multidão presente, sentimentos de alivio daqueles que temiam até mesmo pela libertação dos réus.
Mas as leis e as próprias sentenças que levaram os acusados de volta à prisão, não mais como suspeitos, mas já na condição de culpados e condenados, talvez desapontem no futuro aqueles que desejavam punição exemplar. Apesar da emocionante dedicação do promotor, do esforço completo dos peritos e da postura impecável do meritíssimo juiz, os 31 anos de condenação para o pai e os 26 anos para a madrasta podem sofrer uma brutal redução.Ele vai ficar preso 10 anos e ela 8. Para tanto basta que saibam fingir e apresentar o chamado bom comportamento prisional. E ninguém duvida que eles vão fazer exatamente isto. E quanto à menina assassinada ?
Acabaram-se as festas de aniversário,o Natal, as férias escolares,os dias na praia, os fins de semana com os avós, os ovos de Páscoa ....
É necessário que a sociedade faça uma reflexão a respeito do modo como ela pune aqueles que fazem tamanho mal. A certeza de um castigo menor, alimenta a sensação de impunidade.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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