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A Saúde da Mulher - 5 de julho de 2011
Por detrás dos panos!
Nem tudo é aquilo que parece ser. Diferentes ditados populares já se referem a este fato.
Falando de modo simples, próprio do que se diz popular, mas nem por isto menos verdadeiro. As ciências que estudam o comportamento humano, a psicologia por exemplo, a psicanálise, a psiquiatria e outras, relatam quase sempre que as reações que as pessoas apresentam no seu dia a dia podem não espelhar a realidade do que se passa em seu interior.
Quando, por exemplo, dizem que “pau que nasce torto não tem jeito, morre torto”, ou então “é de pequeno que se torce o pepino”, entre tantos outros, a sabedoria popular, sem nenhum método de estudo, mas nascida da experiência de gerações, acerta em cheio naquilo em que mira.
A ciência humana foi surgindo aos poucos e de forma lenta e gradual, tendo como primeiras bases de apoio exatamente estas afirmações oriundas destes ditos do povo, que variam conforme as regiões do país, mas que na sua essência querem dizer a mesma coisa.
Freud, nos seus estudos pioneiros e fundamentais para a estruturação das ciências que estudam o comportamento e as reações do ser humano diante da realidade, já deixava evidente desde o início dos seus trabalhos que o corpo expressa através de diversas reações e movimentos o que se passa na mente. O corpo fala, como dizia ele.
Lembrei deste assunto quando, recentemente, recebi de um colega psicoterapeuta o retorno de informações a respeito de uma jovem cliente que eu lhe havia encaminhado.
A paciente em questão apresentou num período relativamente curto, cerca de um ano, uma variedade grande de queixas ginecológicas muito desconexas entre si. Todos os exames solicitados e realizados, com a finalidade de tentar encontrar uma causa para tantas reclamações, nada demonstraram de errado. Esta foi então a razão que me levou a sugerir à paciente que fosse conversar com o colega.
O diagnóstico que recebi foi de que a jovem era portadora de um distúrbio emocional que a levava a projetar na sua esfera genital uma enorme carga de problemas, que na verdade tinham outras causas.
Também, há poucos meses, tive a oportunidade de ouvir do marido de uma outra paciente algumas informações bastante interessantes sobre a esposa.
Esta senhora de cinquenta anos começou, de modo bastante acelerado, a apresentar uma série de sintomas e sofrimentos que a levaram a passar por diversos consultórios de diferentes especialistas. Ortopedistas, neurologista, médicos de ouvidos nariz e garganta, oftalmologista, ginecologista, atrás da cura dos diferentes problemas que iam surgindo.
Numa hora eram dores na coluna, a seguir tonteiras e perda do equilíbrio, embaçamento da visão e por aí afora numa série interminável de queixas.
Todos os especialistas consultados foram unânimes nos seus diagnósticos: ela era uma pessoa fisicamente saudável. A resposta veio através da consulta a um psicoterapeuta, o qual depois de algumas entrevistas com a paciente deu um diagnóstico de um distúrbio emocional ligado a uma forma de depressão que a fazia converter em sintomas físicos os sofrimentos emocionais.
Mais uma vez fica valendo a velha sabedoria popular, nem tudo que brilha é ouro!
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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