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A condição feminina
A vida feminina sempre foi marcada por etapas difíceis, bem mais complicadas do que as dos homens. As primeiras e as últimas menstruações são talvez o exemplo mais marcante desta situação.
Com surpresa e certa dose de medo, é o modo como a maioria das meninas vivencia sua primeira menstruação, segundo nos relatam suas mães quando as levam ao nosso consultório em busca de opinião ou ajuda.
Eu, particularmente, trato o acontecimento com a maior naturalidade e procuro passar para a menina as boas notícias que aquele fato traz para sua vida.
Primeiro informar que seus ovários começaram a funcionar; segundo que ela tem um útero saudável, caso contrário aquilo não ocorreria; e, em terceiro, que seu canal vaginal é perfeito, pois se não fosse assim o sangramento ficaria retido dentro de seu corpo.
Depois desta breve explicação a maioria delas reage com um largo sorriso e o clima dentro da sala de consultas muda para ótimo.
Contudo, o tempo passa, o corpo sente esta passagem e, após longos anos de funcionamento, os ovários demonstram sua fadiga, seu esgotamento.
Um acontecimento comum a todas as mulheres, em todo o planeta. Ocorre que esta mudança causada por este esgotamento da função ovariana, diferentemente do que acontece com os homens, se desenrola num relativamente curto espaço de tempo e traz mudanças radicais na vida da mulher.
Modificações que mexem com todas as fibras do seu ser. Como dizia um velho professor de ginecologia, mexe com o corpo e com a alma!
O fim destas menstruações, que marcaram fielmente a vida daquela mulher, por anos e anos seguidos, e, subitamente, começam a falhar, traz uma sensação de alívio e susto ao mesmo tempo.
Alívio porque depois de tanto menstruar, sangrar mensalmente durante boa parte de suas vidas, já estavam cansadas daquilo. Susto por estarem entrando naquela fase da vida da qual tanto ouviam suas avós e mães falarem com desconforto, como um mal momento pelo qual teriam que passar.
Agora estavam atravessando aquele mau momento. Como seriam suas vidas depois que parassem de menstruar. Perderiam sua feminilidade?
Deixariam de atrair sexualmente seus companheiros? O que aconteceria em suas vidas afinal? E os tais calorões que a avó falava? E a dor nas relações por causa da secura vaginal? E o sono que desaparece, segundo suas mães!
Duvidas e perguntas demais para uma só mulher.
Só vivenciando para crer. A moderna ginecologia dispõe de recursos eficazes e bastante seguros para enfrentar com sucesso cada uma daquelas dificuldades.
Seguindo os protocolos de conduta, os ginecologistas podem aconselhar suas pacientes a respeito de qual é a melhor opção para cada uma delas. Após uma minuciosa avaliação de suas histórias médicas pessoais e de suas mães, irmãs e avós. Depois de um correto exame físico e usando recursos como mamografia, preventivo do útero, ultrassonografia com doppler de útero e ovários e uma rotina de exames de sangue ela poderá fazer uso de terapia hormonal por alguns anos e recuperar muito do que o tempo lhe roubou!

Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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