A casa da pessoa idosa e o perigo das quedas

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Semana passada, lendo a coluna do respeitado jornalista Zuenir Ventura, no jornal O Globo, primo do nosso querido Laercio, achei muito interessante e bastante oportuna sua ideia de falar sobre um fato que aconteceu com ele. Preocupado com os netos que caminhavam em uma calçada de pedras portuguesas, muito decorativas e bonitas, mas perigosas para idosos, entendi que ele próprio foi vítima de um tombo, que felizmente não lhe causou maiores danos além do susto. A partir deste acontecimento, ele desenvolveu na coluna uma avaliação dos riscos que correm as pessoas de mais idade em muitos locais pelos quais transitam rotineiramente. Além das calçadas perigosas das cidades brasileiras, com buracos e desnivelamentos, Zuenir aborda o que ele chama de falta de preocupação de muitos engenheiros e arquitetos, ao construírem edificações que escondem verdadeiras armadilhas para idosos. Cita como exemplo escadas modernas sem corrimão, com degraus que saem diretamente das paredes. Realmente são obras bonitas, diferentes, mas perigosas até mesmo para crianças. Acidentes com idosos causados por  quedas são um problema mundial. 

Por mais cuidado que se tenha, o risco de idosos caírem e sofrerem fraturas, geralmente nos osso da bacia e do fêmur, é muito grande. Muitos fatores contribuem para isto. Diminuição da capacidade de enxergar é um deles. Outro é o fato de caminharem arrastando os pés no chão, sem levantá-los, fazendo com que qualquer pequeno obstáculo, até mesmo um tapete, provoque um tombo tremendo, que pode causar uma fratura ou até mesmo uma concussão cerebral, com danos enormes. O idoso sofre quedas nos lugares onde ele passa a maior parte do tempo. Quase sempre em sua casa, ou se for o caso num asilo ou casa de repouso. Recentemente, uma pessoa amiga me contou que pensando estar agradando aos seus velhos pais, fez uma reforma na antiga casa deles. Escolheu um piso bonito e só depois de tudo pronto, foi alertada por alguém da família de que o chão era muito liso e escorregadio e que seus pais podiam escorregar com muita facilidade e se machucar. Só depois disto é que viu o erro que cometera, ao não pedir a orientação de alguém que tem experiência. Mandou retirar todo o piso e colocar outro, desta vez antiderrapante. A coluna do Zuenir me serviu de inspiração, pois realmente as quedas são um fantasma na vida dos idosos. Um grande número deles, depois de um tombo, fica preso ao leito ou cadeira de rodas por muitos meses e por causa disto pode apresentar doenças  relacionadas a falta de atividade física, pneumonias, infecções urinarias, feridas na pele e muitas outras. Uma boa parte deles falece antes de completar  um ano do acidente. Os que sobrevivem passam a ficar muito mais dependentes da ajuda de familiares, o que cria uma enorme sobrecarga para toda a família, que nem sempre pode assumir estes cuidados. Muita atenção, portanto, com a casa do seu idoso. Evitar quedas é nosso dever.   


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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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