O testemunho da família

terça-feira, 30 de julho de 2019

Caros amigos, no último dia 26 celebramos São Joaquim e Sant’Ana, os avós de Jesus. É verdade que não conhecemos muito de sua história, o pouco que chegou até nós veio por meio de um texto não canônico, o Protoevangelho de Tiago, um evangelho apócrifo (um dos livros que não foram incorporados à Bíblia). Por este testemunho e pelo que nos disseram os santos padres, sabemos que o casal, Ana e Joaquim, obedientes aos desígnios divinos e com renovada esperança viram nascer de sua esterilidade a flor mais bela da estirpe de Davi, Maria Santíssima.

Mas podemos dizer, sem dúvida alguma, que Ana e Joaquim eram esposos exemplares que pertenciam ao grupo daqueles judeus piedosos que esperavam ansiosamente o cumprimento da promessa de Deus a Abraão; a consolação de Israel (cf. Mt 13, 17). A certeza sobre estas afirmações provém do testemunho deixado por sua filha, a jovem virgem de Nazaré. Como nos diz o Livro do Eclesiástico: os feitos de nossos antepassados poderão ser conhecidos pelo testemunho de sua geração (cf. Eclo 44, 10b-11).

Podemos imaginar o quanto Maria recebeu de seus pais que cumpriam diligentemente o seu dever de educadores. As representações artísticas da vossa padroeira fazem-nos intuir algo daquele que pode ter sido o relacionamento entre Santa Ana e Maria, também no que se refere à palavra de Deus revelada. Mãe e filha estavam unidas não apenas por laços familiares, mas também pela comum expectativa do cumprimento das promessas, pela recitação multiforme dos salmos e pela evocação de uma vida entregue a Deus.

O Papa Francisco ao refletir sobre a memória do avós de Jesus diz que “São Joaquim e Sant’Ana fazem parte de uma longa corrente que transmitiu o amor a Deus, no calor da família, herdado por Maria, que acolheu em seu seio o filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos no testemunho dos avós de Jesus, o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé!” (Angelus, 26 jul. 2013).

Motivados pelo exemplo destes santos esposos somos impulsionados a sair da esterilidade de nosso batismo para sermos anunciadores de Jesus Cristo, como ramos fortes de uma Igreja em permanente estado de missão. Da mesma forma que Ana e Joaquim geraram Maria para o mundo, a Igreja tem a missão de gerar Cristo e fazer crescer o seu reino de paz, que tem como pilar de sustentação a misericórdia, fruto da verdade e da justiça.

Infelizmente, um elevado número de jovens do nosso tempo está orientado para uma concepção da vida em que os valores éticos se tornam cada vez mais superficiais, dominados por um hedonismo imperante. O que mais preocupa é o fato de tantas famílias se dissolverem com tanta facilidade e normalidade, prejudicando o desenvolvimento e educação dos filhos.

A celebração dos avós de Jesus, também nos faz lembrar dos idosos, que tem cada vez menos espaço na família e na sociedade. O Papa Francisco atento a esta realidade adverte: “Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade. E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado”, diz o papa.  

Tomemos, pois consciência do que nos disse a Epístola de São Pedro: “sois uma raça escolhi­da, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa” (1Pd 2, 9), testemunhando o valor inegociável da família e de sua missão na construção de um mundo sem tantas desigualdades, onde sejamos irmãos na grande família que tem Deus por pai.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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