Boas obras

terça-feira, 03 de dezembro de 2019

Caros amigos, no último domingo, 1º, iniciamos um novo tempo litúrgico: o advento. Um período que a Igreja busca, de modo particular, meditar o mistério do Natal de Jesus.

São Carlos Borromeu, ao falar sobre este tempo tão importante e solene, lembra que “a Igreja deseja ardentemente fazer-nos compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de suas graças, se não opusermos resistência”.

Em toda a história da humanidade, independente de credo ou cultura, é fácil perceber que o homem sempre espera, de uma forma ou de outra, a visita de Deus. O coração humano foi criado para a visão de Deus, única realidade capaz de preencher seu desejo de eternidade, anseio de plenitude e de amor verdadeiro.

O catecismo da Igreja Católica ensina que “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem” (nº 27). E não somente isto, mas também afirma que Deus deseja comunicar-se por amor: Ao longo de sua história, Israel pode descobrir que Deus tinha uma única razão para revelar-se e escolhê-lo como seu povo por puro amor (cf. nº 218) “ao enviar, na plenitude dos tempos, seu Filho único e o Espírito Santo, Deus revela que ele mesmo é eternamente intercâmbio de amor” (nº 221).

Os profetas do Antigo Testamento anunciam a “primeira vinda do Senhor”, revestida de fragilidade e humildade. A profecia da vinda do Rei Salvador que viria libertar seu povo e trazer de volta a paz, manteve o coração de Israel em vigilante espera. Uma esperança atestada pelas palavras dos anciãos Simeão e Ana quando contemplaram o menino Jesus nos braços de sua mãe, ao ser apresentado no templo (cf. Lc 2, 21-32).

Neste tempo de preparação para o santo Natal não desperdicemos a oportunidade de prepararmos um lugar para Deus em nosso cotidiano. No que diz respeito ao exterior, nossa cultura se esmera nos ornamentos dos pinheiros de natal, nos cartões, presentes, luzes, festas. Tudo isto é muito válido e adquirem grande significado quando são expressão de uma preparação do interior.

O Senhor deve nascer todos os dias em nossa sociedade pela prática da caridade e da justiça. Vivemos em uma sociedade adoecida pela cultura do consumo e do descarte. Vivamos este tempo de preparação para o Natal de Nosso Senhor, perseverando nas boas obras e sendo luz para iluminar toda a humanidade.

O Papa Francisco, na carta apostólica Admirabile signum (O sinal admirável) nos convida a fixarmos nosso olhar na cena no presépio, e “refletir sobre a responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador. Cada um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que encontramos, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu amor; e fá-lo com ações concretas de misericórdia (01 dez 2019, n. 9).

Corramos ao encontro de Cristo que vem com as boas obras (cf. Oração de coleta do primeiro domingo do advento). Esta é nossa mais perfeita resposta de amor a Deus, que gratuitamente veio ao nosso encontro. Preparemos um lugar em nosso coração para o rei que vai chegar. E, como mensageiros da Boa Nova animemo-nos uns aos outros nesta prática, apesar das sombras que pairam na humanidade.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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