Ana Carolina Freitas, de 22 anos, estava no terceiro mês de gestação quando o bombardeio de informações sobre o zika vírus começou. “Fiquei apavorada. Ainda mais que não havia ninguém para orientar. Fui pesquisar sobre o assunto em sites e jornais. Mesmo assim, sabendo as medidas ideais a tomar, ainda são muitas as dúvidas: ‘Como o vírus age?’, ‘Como passa para o feto?’”, revelou Ana.
Desde que o Ministério da Saúde anunciou a possível relação entre o zika vírus, transmitido pelo Aedes aegypti, e a microcefalia, os nove meses de gestação — antes aproveitados, principalmente pelas mamães de primeira viagem — têm sido um período de muita apreensão. Em Nova Friburgo, a Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica do município divulgou, na última quarta-feira, 17, novos dados. De acordo com o relatório, são 22 casos em investigação na cidade somente nestes primeiros meses de 2016. O que chama mais atenção, entretanto, é o rápido aumento de grávidas com suspeita do vírus. Até o último dia 6 eram 17 casos e, em sete dias, mais cinco foram registrados. “Esse assunto realmente está assustando muito. Estou tomando todos os cuidados, usando muito repelente, calças compridas e passando não só no corpo como também na roupa”, disse Sabrina Berçot, de 22 anos, no sexto mês de gestação.
Grávida de cinco meses, Marcela Debossan, de 31 anos, também falou sobre a preocupação com o mosquito. “Eu passo repelente assim que acordo. Trabalho em escritório, mas não abro as janelas e quando preciso sair passo repelente nas áreas expostas. O impossível é usar blusas de manga comprida nesse calor”, falou.
As ocorrências na cidade ainda aguardam pelo resultado do material enviado ao laboratório de referência do estado. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, se forem confirmados, os pacientes terão acompanhamento, assim como serão promovidas ações de bloqueio das áreas onde estes residem.
Também na última quarta-feira, 17, o Ministério da Saúde, anunciou que o número de casos da doença em investigação no país chegou a 3.935. Deste total, 508 já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central e 837 foram descartados. Ainda conforme o boletim, foram notificados 108 óbitos por microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto (natimorto) ou durante a gestação (abortamento ou natimorto).
Aprendendo a lidar com a realidade
O ginecologista Noberto Louback Rocha conta que muita mulheres grávidas têm buscado informação sobre o zika vírus. “No geral, elas querem saber como se proteger, se existe algum remédio, como a doença funciona”, disse ele acrescentando que “muitas até suspenderam o desejo de engravidar”. Ele explica também que “pegar zika entre o primeiro e terceiro mês de gestação é ainda mais grave, pois é o período em que o feto está em formação. Mas, a infecção pelo vírus pode acontecer fora desta fase. Há casos no Rio de Janeiro, por exemplo, de grávidas no sexto mês de gestação que adquiriram a doença e, logo após o parto, o bebê morreu”.
Entre as principais orientações, Noberto destaca que “para as não grávidas, volto a afirmar: o melhor é evitar engravidar, pois o momento é complicado. As que já confirmaram a gravidez devem utilizar blusas e calças compridas, deixando o menor espaço de pele desprotegido possível; usar repelente e, é claro, manter o cuidado com a residência, evitando foco do mosquito”, pontuou.
Dengue: quase 100 casos em 5 dias
Outro dado alarmante divulgado pela Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica de Nova Friburgo é quanto ao número de casos confirmados de dengue. Entre 3 de janeiro ao último dia 13 de fevereiro, subiu de 315 para 411, comparado ao dado anterior, de uma semana atrás. Isto é, 96 casos em apenas 5 dias.
As residências e ambientes de trabalho respondem por 80% dos criadouros do mosquito, por isso, em dezembro de 2015, o governo do estado do Rio, com apoio do Ministério da Saúde, lançou a campanha “Dez minutos salvam vidas”. A iniciativa visa incentivar a população em relação ao cuidado diário para impedir a formação de larvas do Aedes aegypti.
Com hábitos diurnos, o mosquito costuma ficar em lugares escuros, como embaixo de mesas, e ataca principalmente nos pés e extremidades do corpo. A recomendação do Ministério da Saúde é que usem calça, sapatos fechados e repelente.
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