Ziá: da fundação da Saudade aos tempos de escola-empresa

Uma história de paixão roxo e branco
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
por Jornal A Voz da Serra

O nome dele é Jorge da Silva Guimarães, mas podem chamá-lo de Ziá. Aos 76 anos, ele pode dizer que foi um dos fundadores da Unidos da Saudade, embora na época tivesse lá pros seus 12 anos. A escola nasceu na Rua Marechal Floriano, no Perissê. O irmão de Ziá tomava conta da bateria e ele ajudava como podia. "Eu fazia tamborim. A gente pegava couro lá no Cantelmo (abatedouro) e com uns caixotes montávamos os instrumentos”.

Ele conta que a Saudade não nasceu roxo-e-branca e sim, amarelo e branca. A mudança se deu quando eles decidiram ensaiar no terreno onde fica a atual quadra da agremiação. "Chegamos aqui e tinha uma árvore com flores roxas. E aí as cores da escola passaram a ser roxo e branco e o símbolo, uma flor. Só não contávamos que seria impossível achar tecidos para as fantasias com a nova cor. Nenhuma loja tinha pano roxo. A solução foi procurar uma funerária, explicar o caso e pedir para eles – que usavam tecidos roxos nos caixões – encomendarem o pano para nós”.

Para confeccionar os carros alegóricos, Ziá relembra que a criatividade já era elemento principal, uma vez que, sem dinheiro, os componentes da escola se valiam de folhas de bananeira, papelão, mato, grama e diversos outros materiais que atualmente seriam classificados de "recicláveis”.

"Hoje as escolas viraram empresas, mas não tem jeito. Antigamente, a gente fazia vaquinha para conseguir dinheiro. Tinha também o chamado Livro de Ouro, que a gente passava nas lojas da Avenida Alberto Braune e conseguia o que seria, hoje, dois reais de um, cinco do outro. Agora é diferente. Tem gente que dá cinquenta, cem reais. Passamos rifas e a pessoa compra umas três de uma vez”. 

Sobre os melhores carnavais da Saudade, ele cita – sem especificar data – dois deles: "As quatro estações” e outro sobre Joãosinho Trinta: "A escola cresceu a partir deste último. Trabalhamos muito, noite e dia. Mas fomos a surpresa do carnaval. Ninguém esperava que entrássemos daquele jeito. Nunca vou esquecer desse desfile”, afirma Ziá, declarando ainda todo o seu amor pela roxo e branco: "Vou morrer aqui”.

 

   

Ziá: 76 anos...... e muitos carnavais

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