Wellington Moreira: “Ninguém vai me tirar para bode expiatório”

domingo, 30 de novembro de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Wellington Moreira: “Ninguém vai me tirar para bode expiatório”
Wellington Moreira: “Ninguém vai me tirar para bode expiatório”

Uma das vozes mais críticas da administração municipal da Saúde, e também um dos idealizadores da campanha pela manutenção da UPA em Olaria, o vereador Wellington Moreira (PRP) procurou a redação de A VOZ DA SERRA após a sessão específica sobre a Saúde realizada terça-feira, 25, na Câmara Municipal, a fim de justificar sua ausência no encontro, e responder às insinuações de que teria se ausentado deliberadamente. 


Da situação à oposição

Estou na vida pública há quase 24 anos, e sempre fui uma pessoa séria, honesta, honrada, bem intencionada. Quando decidi ser candidato a vereador, só iria entrar na Câmara se fosse para fazer o bem. Fui candidato e eleito vereador. Apoiei o Jairo [Wermelinger], que por pouco não foi eleito. Rogério [Cabral] venceu a eleição, me procurou, e sentei com ele para conversar. "Preciso da sua ajuda, preciso do senhor do meu lado”, ele me disse. Aliás, ele chamou todos os vereadores para conversar. Quem não foi, foi porque não quis. Respondi de imediato: "Rogério, eu apoiei o Jairo. Ajudo sim o senhor, estarei ao seu lado, mas o que for de bom eu voto. O que for ruim não”. Sei que todos os vereadores dizem isso, mas muitos ficam só na teoria. Quando chegam ao poder, esquecem do povo. Na prática votam o que for bom para o Executivo. Isso não serve para mim. Eu mantive a minha palavra, e sou perseguido por isso. Disse que ia brigar contra as concessionárias; estou brigando e muito. Brigo muito pela saúde. Subi à tribuna da Câmara para fazer inúmeras denúncias, fui ao hospital, fiz reuniões com alguns vereadores para transmitir o que estava acontecendo.


Fiscalização

Um vereador da base governista, por exemplo, bateu na minha porta falando que eu era da Comissão de Saúde, e que algumas pessoas estavam falando mal da comissão. Fui lá na UPA e não era nada disso. Ele poderia ter ido. Eu fui. Chamei Zezinho [do Caminhão] e ele se prontificou a ir comigo. Chegando lá, encontramos crianças de colo esperando na fila havia seis horas. Funcionários com dois meses de salários atrasados. Eu quero saber se isso aí é politicagem. Faz parte, eu sou da Comissão de Saúde. Fomos ao hospital, eu, Renato Abi-Ramia e Zezinho. Vimos emboço caindo, a farmácia do hospital sem condições, no Raul Sertã. Fizemos a denúncia lá na diretoria. Remédios faltando, também fomos lá na diretoria. O Sr. Luis, lá do Parque das Flores, tinha uma receita com cinco remédios, e no hospital não tinha nenhum. Gerador não funcionou, teve apagão, morreram pessoas. Será que tudo isso é discurso, é denúncia vazia? Nós fomos à direção, nós fomos à UPA. Teve o caso do Sr. Jacomin, que ficou 118 dias dentro do hospital, 45 dias jogado... Estou dando os nomes das pessoas. As pessoas que fazem o tratamento fora do domicílio, há mais de um ano sem terem os gastos ressarcidos. O pagamento é feito por lotes, então se alguns usuários erram os outros pagam por esse erro? As pessoas têm que receber, porque pagam com dificuldade. Muitos pegam dinheiro emprestado, recebem salário mínimo. Posso enumerar outras situações. Gente esperando na fila há mais de um ano por uma operação e não consegue. Aí ficam falando por aí que às vezes o vereador quer passar à frente dos outros. Então uma pessoa vai ao seu gabinete precisando de uma endoscopia há mais de um ano, e se você tenta ajudar você está passando na frente dos outros? Ou será que são os outros que já passaram na frente dessa pessoa? Pessoas que precisam ser operadas, jogadas dentro de um hospital... Zezinho, Pierre e eu fomos à delegacia denunciar. Depois fomos ao Ministério Público tratar do caso de um senhor de oitenta e poucos anos jogado dentro do hospital, uma denúncia feita tarde da noite. Fomos ao hospital, e no dia seguinte à delegacia. Caiu na Lei do Idoso. Nós estamos errados? Isso é politicagem? Isso tem que ser falado, combater essas coisas é o papel do político e eu não vou me privar disso. Não iludam a população, falem a realidade. Eles têm que nos respeitar. Se a Saúde não tem um representante que está cumprindo o papel dele, deixa que eu cumpro o meu. 


Assistencialismo

Na Câmara são muitos os gabinetes que fazem assistencialismo, mas esse não é o nome certo não. São pessoas que chegam lá carentes com algum problema que não sabem como resolver e a gente vai tentar resolver. Para mim isso não é assistencialismo, é ser humano. É fazer o que os representantes da saúde não fazem, porque não são humanos. Eles deixam as pessoas morrerem lá, tem pessoas morrendo. Eles têm que entender que o vereador está ali para cumprir o seu papel, que nada mais é do que fiscalizar, fazer leis e denunciar. Será que é errado você ajudar ao próximo? Falar que é assistencialismo... Eu nunca pedi um voto a quem quer que seja que eu tenha ajudado. As pessoas dizem que as ações precisam ser sempre no atacado. Está certo, mas então não vamos tratar de casos isolados e deixar as pessoas morrer? Enquanto eu estiver na Câmara, eu vou agir assim. Se tiver que ser condenado por isso eu vou, mas não vou virar as costas se alguém precisar de mim. Mas eu quero ver alguém dizer que sou corrupto, que sou ladrão, estelionatário. Isso eu quero ver. Não sou assistencialista, eu sou humano.


Ausência na sessão específica

Aí na última terça-feira (25) teve a sessão específica, o secretário esteve lá me desafiando. Foi feita uma tocaia para mim. Uma tocaia, eu era o alvo. O vereador Cláudio Damião desmascarou a Saúde. Somente nessa sessão ele falou na cara do secretário o triplo ou o quádruplo das coisas que eu falo. Falou tudo isso e não é julgado, ninguém o persegue. Mas ninguém vai me tirar para bode expiatório, porque aqui não tem nenhum bobo não. Eu simplesmente estou cumprindo o meu papel. Agora, o secretário declarar publicamente que eu me escondi dele... Escondi? Ele não respeitou o ser humano e o homem que sou. A acusação foi covarde. Meu filho, de quatro meses, estava com 39,5º de febre. Doutor Renato Abi-Ramia sabe que não é mentira, porque telefonei para ele durante o fim de semana para pedir orientação. Ele estava no Rio de Janeiro e disse que não poderia dar um diagnóstico a distância. Ainda assim me orientou a ir ao hospital e pedir exames que pudessem verificar a possibilidade de bronquiolite. Na segunda-feira eu fui ao posto de saúde vacinar meu filho, e um assessor do vereador Nami Nassif me viu nesse momento. A enfermeira alertou que a vacina causaria febre, e então eu pergunto se alguém largaria o filho nessas circunstâncias para ir à sessão. E eu ainda acabei saindo de casa, porque uma família me procurou em busca de ajuda. Uma senhora de 86 anos caiu e estava botando sangue pelo nariz e pela boca, e eu fui ao hospital correr atrás de atendimento. A família queria o laudo; eles não deram. A família queria um neurocirurgião; não tinha. Vergonha. E ele vem falar que isso é politicagem?


Politicagem

Politicagem é o que eles estão fazendo. Querer jogar as pessoas contra alguns vereadores que cumprem o seu juramento, vereadores que trabalham com seriedade. Tenho vergonha de trabalhar com vereadores que falam "amém” para tudo. Concorde sim com as coisas certas, mas quando vir algo errado, cobre. É o que eu disse recentemente num canal de televisão. Por mais que eu ame o meu filho, se ele fizer alguma coisa errada vou chamar a sua atenção, vou dizer que está errado. Quero ver como esses vereadores vão se comportar no dia em que algum parente próximo precisar do hospital e passar por dificuldades. Quando eles sentirem na carne. Estou fazendo o que muitos queriam, mas não têm coragem. Vereador tem que botar a cara para bater, vereador tem que ser audacioso, tem que ser corajoso. Mas para isso não pode ter telhado de vidro. Eu não tenho.


Retaliações

Vou cumprir até o último dia do meu mandato. Não vou me furtar jamais de qualquer juramento que tenha feito. Cumprirei todos os compromissos assumidos, mesmo sofrendo represálias. Infelizmente, quando a gente não fala bem do Executivo acaba sofrendo algumas retaliações. Quando eu comecei a ver coisas erradas no governo e a não aceitar, quando comecei a votar contra, "já não serve mais o Wellington, porque não fala bem, tem que falar amém”. A Rua General Osório, que é minha comunidade, está destruída, abandonada, e isso já vem acontecendo há uns seis ou oito meses. Nesse meio tempo fizeram um pequeno mutirão, um servicinho para dar um "tapa-boca”. Não vi ninguém desentupir bueiro ou outras coisas essenciais por causa das chuvas. Estive recentemente com o secretário de Serviços Públicos, Alan de Almeida, e ele me prometeu que independentemente de meu posicionamento iria mandar fazer um mutirão na minha comunidade. Ele cumpriu a promessa, mas veio uma ordem superior mandando suspender, porque tinha que entrar com um serviço no Córrego Dantas e em Campo do Coelho. Estranho. Foram feitas várias obras nas comunidades de vereadores aliados, e quando essas acabaram o mutirão não podia retornar à General Osório? Ficou tudo inacabado lá, tenho várias fotos. Então eu fui a um programa de televisão, e contei o que estava acontecendo. Agora tenho a promessa de que o serviço será terminado durante este fim de semana. Espero que eles façam, porque não quero acreditar que seja retaliação mesmo. Mas que façam tudo: tem vários bueiros entupidos, tem buracos, tem entulho, tem mato alto... Lá no Santa Teresinha está arrebentando tudo. Eu sei que é um problema de Friburgo, mas ficar um tempão sem resolver... Isso não.

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