Dando continuidade à série de entrevistas com os principais personagens da política friburguense, A VOZ DA SERRA abre espaço para o deputado estadual Wanderson Nogueira (PSB), eleito em outubro, que representará Nova Friburgo na Assembleia Legislativa. Nessa entrevista exclusiva, o parlamentar faz um balanço do mandato de vereador que cumpre até o fim de janeiro, ao mesmo tempo em que revela planos e metas para os próximos anos na capital.
Márcio Madeira
A VOZ DA SERRA - Sua passagem pela Câmara Municipal está chegando ao fim, o senhor até já foi diplomado como deputado estadual. Como o senhor avalia sua atuação no Legislativo friburguense, não apenas no que diz respeito aos interesses do município, mas também sob o ponto de vista pessoal e a importância desta casa em sua história?
Wanderson Nogueira - Na verdade eu fico na Câmara até 31 de janeiro, e estarei presente se houver alguma sessão extraordinária nesse período, já me preparando para assumir o mandato de deputado. Foi um aprendizado grande. Acredito que, dentro das três tarefas fundamentais do vereador, nós cumprimos todas. A primeira e mais importante é fiscalizar, e nesse sentido eu posso lembrar do embate que nós tivemos com relação ao Pró-Jovem Trabalhador. Esse caso hoje está na Polícia Federal, através de uma investigação que foi iniciada aqui. Acredito que o parlamento falhou àquela época ao não instaurar uma CPI, deixando o caso seguir para outra esfera. Ou seja, judicializou a política, e a Justiça é quem está fazendo aquilo que os vereadores deveriam fazer. Houve também o leilão da fábrica Ypu, um embate no qual nós destacávamos exatamente o caminho correto a ser seguido. A Prefeitura entendeu de forma diferente e provou-se por A + B posteriormente — mais uma vez judicializando a política — que o caminho seguido não era o correto, a postura correta era aquela que nós estávamos indicando, a oposição como um todo. Ainda falando de fiscalização, houve outros momentos importantes, como a batalha do transporte público, que foi uma bandeira que nós lançamos, entre tantas outras.
Já no aspecto legislativo, considere que nós tivemos algumas leis importantes, como a que fez com que o prefeito cumprisse a promessa de criar o fundo de compensação tarifária, ainda que a forma, na minha opinião, tenha sido equivocada — poderia ter sido melhor. Tem também a questão do conselho dos usuários, que infelizmente eu não tenho o poder de executar, mas que a Prefeitura tem a ideia de fazer, para que todas as concessionárias tenham os seus conselhos, e esses conselhos decidam onde os investimentos venham a ser aplicados, verifiquem a questão da tarifa, dividindo assim as responsabilidades com a população e a sociedade civil. Tivemos ainda o embate com relação à música ao vivo, a importância da música para a cultura do município. A questão do carnaval também foi uma bandeira que a gente levantou, a questão do esporte e da cultura através das homenagens e das medalhas de mérito cultural que por nós foram criadas é um legado que fica para a Câmara. A carta da juventude foi outra questão importante que tivemos chance de fazer... São vários detalhes e eu ficaria muito tempo para falar de cada um deles, mas foram embates importantes que deram ao nosso mandato a característica de irmos ao encontro das pessoas, e não de as pessoas virem ao meu encontro.
O senhor agora está indo para a Alerj. O que a população pode esperar de seu novo mandato?
Um mandato interativo. Ou seja, mais do que participativo, fazendo uso das ferramentas tecnológicas para que as pessoas interajam junto com o mandato e decidam junto com o mandato. Um mandato interativo que possa ser agregador e acelerado, com os verbos ouvir para realizar. A minha intenção é ser o melhor deputado estadual da história de Nova Friburgo e região. Por isso tem que ser um mandato interativo, agregador e acelerado, com foco no desenvolvimento econômico como ferramenta para o desenvolvimento social, aplicado também na questão da mobilidade urbana. Ou seja, eu acredito que o desenvolvimento econômico e social, a mobilidade urbana e a expansão da educação são fundamentais para que as pessoas alcancem a felicidade. O objetivo tem que ser alcançar a felicidade das pessoas, e para isso é preciso que elas tenham qualidade de vida. Logo, todo esforço tem que ser nesse sentido.
O senhor já tem ideia de quais vão ser essas ferramentas de interatividade?
Sem querer antecipar, a gente está querendo utilizar WhatsApp 24 horas, ferramentas de redes sociais, um site para que as pessoas possam votar nos projetos mais polêmicos, tudo muito seguro, e por isso o site deve levar um pouco mais de tempo, não será logo para esse primeiro momento. A gente quer criar essa ferramenta segura para que tudo que eu for votar na Alerj, e que puder ser antecipado, seja decidido pela população, ainda que eu discorde. Também devemos implementar o gabinete itinerante permanente, provavelmente a partir do segundo semestre, definindo se vai ser por dia específico ou se ficaremos por um determinado tempo naquela localidade. Ou seja, Friburgo e região precisam de um embaixador e eu quero ser essa pessoa. Ser a voz das pessoas, não só na Alerj como no País e no mundo como um todo, com sentido de trazer benefícios aqui para a região. Em resumo é isso, um mandato interativo, agregador e acelerado, visando o desenvolvimento econômico para garantir o social, visando a qualidade de vida das pessoas. Por isso a mobilidade urbana é importante e, claro, também o acompanhamento e a fiscalização de perto da questão do hospital do câncer.
Antes mesmo de assumir no próximo dia 1º, o senhor está fazendo reuniões para o Plano de Mandato. Como é isso? Quais os resultados?
Tenho colocado o mandato à disposição dos prefeitos. Nesse sentido, prossigo visitando os municípios vizinhos. Já pedi uma audiência com Rogério Cabral para fazer o mesmo que fiz com os demais. Quero que o gabinete na Alerj seja a casa da Região, de todos os agentes políticos. Também tenho colocado o mandato à disposição das entidades representativas. Realizamos duas grandes reuniões. Uma com associações de moradores, onde foram estabelecidos mais de 30 pontos que fazem parte do planejamento do mandato. Outra com o setor econômico, onde pude apresentar diversas ideias ao setor e ouvir outras, bastante interessantes. Posso destacar aqui que da reunião com entidades e associações, firmamos o pacto do mandato interativo em que já no dia 7 de fevereiro subirei a pé o Loteamento Floresta e no Alto do Floresta e realizarei a 1ª audiência pública do mandato. Estabelecemos ainda que o gabinete itinerante será inaugurado no dia 2 de fevereiro, ficando a semana toda em Riograndina. Ainda firmamos a realização do Dia de São Geraldo ainda neste 1º semestre. Entre outras ações, teremos muito trabalho no campo ambiental. Já no setor econômico, propus dois sonhos maiores: porto seco e transformar a região numa espécie de Zona Franca. Isso se cumprindo por etapas menores até atingir esses grandes objetivos que mudariam a nossa atual realidade, que é de um PIB abaixo de Teresópolis e Além Paraíba, perceptível nos baixos salários e nas limitadas oportunidades de emprego. Além disso, foi destacada a preocupação com os 200 anos de Nova Friburgo, o posicionamento e imagem da cidade. É preciso, desde já, iniciar essa contagem regressiva e trabalhar por importantes marcos como o sonhado pórtico que tem que acontecer, seja por parceria público-privada ou por recursos internacionais, federais ou estaduais. Assumi ainda o compromisso de abrir a caixa-preta do projeto da Estrada do Contorno. E, como o mandato é estadual e acredito que toda a região tem que estar fortalecida, em março realizaremos ainda uma grande reunião em Cordeiro, específica sobre saúde.
O senhor será oposição ao governador Pezão?
Não. Nossa postura deverá ser de independência. Justa e colaborativa, mas sem jamais perder a ética e essência ideológica que nos definem.
O que o senhor espera da política friburguense, especialmente dos próximos dois anos?
Acredito que a política friburguense vive, neste momento, uma transformação. Uma passagem da velha para a nova política. Essa transição reacende as esperanças e é isso que, na minha opinião, representou a nossa vitória e a reeleição de Glauber. Recuperação da capacidade de sonhar e ousar, reavivando a postura de iniciativa e vanguarda que Nova Friburgo sempre teve. É o encontro da história da nossa cidade que nos causa orgulho com esse novo que é ouvir e ser a voz das pessoas. Nunca precisamos tanto de inspiração, lideranças inspirativas. O futuro da política friburguense, para mim, se resume na marca "agora serão outros 200”. E serão, tenham certeza disso.
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