A VOZ é a ‘união’ que Nova Friburgo tanto precisa

Texto do jornalista Girlan Guilland homenageia Laercio Ventura e o jornal A Voz da Serra
sexta-feira, 10 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra

Com cópia p/ nf@laercio.70anosdeperseveranca.avs.br

Prezado Lelé... Já é madrugada de oito de abril, quando me bate aquele lampejo que, um dia, você me disse ser próprio dos escrevinhadores. Aprendi muito contigo (embora, claro, queria ter aprendido muito mais) e uma de suas frases que nunca esqueço e aquela que professa, com autoridade, que “o papel aceita tudo” [desde que o autor se responsabilize pelo que assina]. Então, lá vai. Com a licenciosidade poética que o momento parece me permitir... Evidentemente, a partir de agora, sob as editorias da dupla Adriana e Gabriel (que, somente cá entre nós: estão cumprindo com louvores a missão que você os legou).

Mas nessa madrugada de outono, não perdi o sono. Aquela inspiração que é própria dos inquietos e que não tem hora, quase me obriga a vir aqui desferir essas linhas. Depois de ter participado da comemoração dos 70 anos do jornal, que carinhosamente o camarada Aristélio com aquela sua verve característica, nos acostumou a chamar também de “O Berro da Montanha” ou “O Uivo do Morro” (risos), chego em casa com a “alma friburguense” lavada. Embora muitos possam ter considerado e até lamentado sua ausência naquela bonita festa, ouso dizer que o senti presente em cada momento. Você estava ali (como não?). Seja, por ventura, em todos os Ventura presentes, seja em tanta gente que foi lá levar um abraço, reverenciar seu legado.

Mas o que mais me fez sentir a certeza de sua presença lá, foi exatamente ter presenciado algo que você — como bom e autentico friburguense — sempre buscou e perseguiu, na lida diária por 40 anos a frente desta VOZ, que continua firme, forte e tão audível, ressoando muito longe do que possamos imaginar.

Assim corre o mês de abril, na velocidade inexorável em que a evolução tecnológica transforma ainda mais o tempo numa efemeridade galopante. Ainda é tempo de festa. Abril da paixão, do outono que já nos faz sentir aquele frio característico da nossa Nova Friburgo de outrora.

Abril da ressurreição e da boa nova; da Nova Vida, têm um exemplo incontestável entre as montanhas desta “Terra abençoada” — como um dia lhe chamou o escritor Machado de Assis. Exemplo de perseverança e persistência que já são a marca inventiva e a força empreendedora dos pioneiros colonizadores.

Mas na festa de aniversário, confraternização, mesa farta com tudo que tem direito e pede a ocasião. Alegrias, amigos, encontros... eu senti sua presença, principalmente, em algo que vai ficar marcado pra sempre em minha memória: a sua A VOZ setentona foi capaz de levar toda Nova Friburgo lá naquela noite — um tanto fria, mas de imenso calor humano, só para não deixar de ser clichê (com trocadilho e tudo).

Eu te vi lá em cada um daqueles representantes da nossa sociedade. Nova Friburgo estava em peso lá. Ou seja, A VOZ DA SERRA nos deu mais um de seus belos exemplos: mostrou, ou melhor, confirmou o que já sabíamos, mas nos fez ver ali, diante dos nossos olhos — em alguns casos lacrimejantes de pura emoção — mais um dos patrimônios friburguenses, a sua Voz, que é de todos nós, foi naquela noite e continuará sendo “a união que Nova Friburgo tanto precisa”.
Forte abraço, Lelé. Muito obrigado! Sua perseverança nos provou também que valeu a pena você ter lutado tanto para preservar o jornal.

P.s.: Na sexta-feira, 17/4, no teatro do Country... tenho a certeza de que também sentiremos sua presença. Veja só: no concerto em homenagem ao jornal, o maestro Nelson José, da Euterpe, me desafiou e topei solar uma música... Com sua bênção, creio que conseguirei. Vou tocar um instrumento em sua homenagem, em homenagem a Reginaldo (Nosso Régis), Paulo Santos e dona Yedda; ao Aristélio, ao João Curty, ao Sandro, a Dona Lourdes Gonçalves, a Sergio Madureira, ao Neir Mello, enfim, a uma legião de amigos que sempre marcaram presenças ao longo de todos os tempos. E não sairão nunca de minha vida!

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