O jornalismo, de um modo geral, tem como premissa o compromisso de relatar, informar e estimular o pensamento crítico sobre a sociedade. Mas é no dia a dia que descobre-se que é possível ir além e utilizar a história documentada nas páginas de um jornal também para ensinar.
Em março deste ano, a Escola Municipal Santa Paula Frassinetti, em Nova Friburgo, adotou o jornal A VOZ DA SERRA como ferramenta de aprendizado. Desde a alfabetização até o quinto ano do ensino fundamental, o contato dos alunos com as publicações do diário friburguense se tornou rotina.
“Fizemos um estudo sobre métodos de ensinar leitura e produção textual. Dentre as dez orientações, uma delas era a utilização do jornal impresso dentro da sala de aula”, afirma a orientadora pedagógica da instituição, Leiriane Sanches. “Queríamos muito trabalhar com conteúdos sobre Nova Friburgo, principalmente pela chegada dos 200 anos da cidade, foi aí que tivemos a ideia de utilizar as publicações de A VOZ DA SERRA. A experiência tem sido muito interessante, alguns alunos estão trabalhando com as notícias, outros com as charges do Silvério. Mas, na turma de primeiro ano (alfabetização), o trabalho foi além”, conta Leiriane.
A notícia em sala
Maria Rita de Cássia Schuenck é apaixonada por Nova Friburgo e pela arte de lecionar. Há anos na sala de aula, a professora de séries iniciais sempre buscou utilizar o momento de aprendizado para aproximar os pequenos estudantes da realidade e da história do município. Para Rita, como já dizia o pedagogo que revolucionou a forma de educar, Paulo Freire: “A alfabetização é mais, muito mais, que ler e escrever”.
Agora, com o novo método aplicado na escola, essa experiência de trazer a notícia para a sala de aula tem se intensificado e gerado resultados bastante positivos. “É um trabalho diferente, mais dinâmico. Já elaboramos histórias a partir de imagens do jornal, formamos palavras com cada inicial de A Voz da Serra, associamos manchetes com figuras”, conta Rita, acrescentando que “essa interação com o jornal tem sido muito interessante. As crianças passam a relacionar os locais com as notícias, reconhecem e se envolvem com relatos do dia a dia. Além de aprender os conceitos básicos do primeiro ano, elas aprendem a opinar, a serem pessoas mais críticas. Isso é muito importante”.
O abecedário e o cotidiano
Assim como no método Paulo Freire, a alfabetização do Santa Paula Frassinetti também tem sido realizada em etapas diferentes da convencional e tem gerado muito resultados. A busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive; a análise dos significados sociais dos temas e palavras; o incentivo a uma postura conscientizada; são etapas de Freire visíveis no dia a dia dos 35 alunos do primeiro ano da escola municipal localizada no antigo Cefel.
Na última quinta-feira, 6, estivemos na sala de aula da tia Rita, como é chamada pelos alunos, para conhecer um pouco melhor como funciona o trabalho desenvolvido com os estudantes. Na parede da sala, um cartaz exibe a história formada a partir de uma figura que chamou a atenção dos pequenos ao folhearem as páginas de A VOZ DA SERRA. Ao lado, outro cartaz com uma listagem de frases que traduzem o papel do jornal na sociedade, na visão das crianças. Dentre as respostas: “Para informar sobre as coisas que acontecem”, “Para os alunos pesquisarem”, “Para a tia Rita fazer atividades com a gente, para aprender ler e escrever”. Ainda na parede, outro cartaz com a frase “Do que você lembra ao ouvir o nome ‘A Voz da Serra’?”. A resposta? Diversos desenhos lúdicos e cheios de cor com pessoas andando pelas ruas e lendo o jornal, natureza e muito mais colocados na parede.
Uma satisfação que se estende não só a professora e direção da escola, mas motiva também os pequenos. “Desenhar o que significa A Voz da Serra para gente é o mais legal. Gostei muito de usar o jornal porque a gente fica sabendo do que acontece e, às vezes, eu chego em casa e conto as notícias”, diz o pequeno Felipe Gabriel Ribeiro, de 6 anos, que sonha em ser professor de capoeira.
“Sempre chego em casa e conto que estudei sobre o jornal”, afirma a simpática Emily Rodrigues da Silva, de 6 anos. “Não conhecia o A Voz da Serra, mas desde que conheci adorei. Acho o trabalho do jornal muito importante porque ele ajuda a gente a saber das coisas que a gente não sabia”, acrescentou a comunicativa Maria Paula da Silva Pinheiro, de 7 anos.
De acordo com a orientadora pedagógica do Santa Paula Frassinetti, o projeto de alfabetização utilizando as publicações de A VOZ DA SERRA deve seguir até o fim deste ano.
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