Por Mateus Almeida (*)
De um total de 145.198 eleitores cadastrados em Nova Friburgo, quase 1.500 irão as urnas pela primeira vez neste ano, nas eleições de 3 de outubro. São eles jovens entre 16 e 17, que, por livre e espontânea vontade, numa clara manifestação de cidadania, irão exercer seu direito, não um dever, de escolha. Nestas eleições, estarão na disputa para representantes os cargos de governador, deputados estadual e federal, senadores e presidente da República. Para esses jovens, a proximidade deste dia está sendo vista com muita expectativa.
Em Nova Friburgo, o número de eleitores nesta faixa etária, em que o voto não é obrigatório – ou seja, a disposição para exercer este direito parte da boa vontade de cada um –, é de 1.419 títulos cadastrados na Justiça Eleitoral. E, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral, neste ano a procura foi maior do que nas eleições anteriores. E está sendo maior também a conscientização dos jovens eleitores.
O ato de votar, em si, não é a maior preocupação dos friburguenses estreantes. O que tem sido discutido e pensado é sobre o voto consciente, aquele escolhido não só por interesses particulares, mas, sim, por uma análise crítica das propostas adotadas pelos candidatos. “O voto consciente deveria ser algo incentivado desde as séries primárias da educação. Só ele possibilita a escolha de governantes que interferem diretamente em nossas vidas”, afirma Beatriz Bayer, 16 anos, estudante do primeiro ano do ensino médio.
Para a também estudante do ensino médio, Isadora Nicolau, 17 anos, o candidato ideal deve estar focado na educação, pois a partir dela vem a conscientização, e assim tudo muda. “Pesquisar mais, analisar as propostas de cada um e escolher um candidato que corresponda as minhas expectativas e às necessidades de toda a comunidade são atitudes a serem tomadas”, diz Isadora, indecisa por ainda não ter escolhido seus representantes.
Para desfazer justamente esta dúvida, que ainda dificulta as decisões dos jovens, os candidatos buscam maneiras de se aproximar e quebrar os paradigmas da inacessibilidade. O jornalista Danilo Motta, ex-aluno da Universidade Candido Mendes, mestrando em Estudos da Literatura pela Universidade Federal Fluminense (UFF), acredita que a ação é válida. Autor do artigo Política e Linguagem: uma análise diacrônica, publicado pela Associação Nacional de Pesquisadores de Letras, Danilo vem analisando as linguagens das campanhas eleitorais há alguns anos. “Em primeiro lugar, vale lembrar que passamos por um contexto de despolitização geral, ou seja, as pessoas não acompanham as campanhas nem o cotidiano dos candidatos. Quanto à abordagem, vejo que os jovens ainda são um público-alvo muito procurado. Com essa preocupação, pode-se perceber que eles fazem parte de uma fatia importante e relevante do eleitorado”, enfatizou. E esta fatia se revela justamente nas ferramentas que estão sendo estreadas nestas eleições. Há candidatos investindo no Twitter, Facebook e Orkut – redes sociais utilizadas pelos jovens – para divulgar suas propostas.
Danilo Motta destaca que todos os tipos de mídia devem ser usados como forma de campanha eleitoral. “O Brasil é um país onde as pessoas leem pouco. Temos índices de analfabetismo altos e taxas de escolaridade muito baixas. Assim, mesmo que outras mídias possam influenciar o comportamento do eleitor, a televisão tem uma força esmagadora em eleições gerais. Com o advento da internet, os meios digitais têm se tornado uma arma cada vez mais procurada pelos candidatos. Com isso, acho que o nível de politização das campanhas tem reduzido consideravelmente. Sinto falta do candidato na rua, batendo perna, entregando panfletos e conversando com as pessoas”, diz Danilo.
(*) aluno de Comunicação Social da
Universidade Candido Mendes
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