Voluntários estão arrecadando doações em dinheiro para a Afape, a Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando, que pode fechar as portas a qualquer momento. Com uma dívida trabalhista que já soma R$ 400 mil, a instituição beneficente vem atrasando salários dos funcionários, enquanto tenta vender o casarão do bairro Vila Amélia para reverter a crise financeira.
A campanha começou há cerca de 20 dias e pede doação mínima de R$ 10. A quantia deve ser depositada no banco Bradesco, agência 2813, conta corrente 14432-0, em nome da Afape. Criada por integrantes do grupo “Amantes de Nova Friburgo”, no Facebook, que conta com mais de 16 mil pessoas, a iniciativa, porém, tem surtido pouco efeito. Até esta quarta-feira, 19, pouco mais de R$ 150 foram depositados.
“A conta foi criada exclusivamente para a campanha”, disse o presidente da Afape, Iomar Penza. “Vamos prestar contas de tudo, mas as doações, até agora, têm sido fracas. Poucas pessoas se sensibilizaram com o nosso drama”, lamentou. Os organizadores da campanha não definiram prazo final para as doações. Acreditam que o dinheiro que entrar na conta, mesmo que pouco, vai ajudar a entidade a quitar a dívida que já passa dos R$ 400 mil. Esse valor vem crescendo como uma bola de neve. São contribuições trabalhistas não pagas ao INSS e ao FGTS, que se acumularam ao longo dos anos.
De acordo com Penza, a Afape é mantida com uma subvenção da Prefeitura de Nova Friburgo de pouco mais de R$ 50 mil mensais. O município também doa alimentos à entidade. Com verba mensal de R$ 5 mil do Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição realiza eventos para arrecadar mais recursos, mas a conta nunca fecha. Só com a folha de pagamento a Afape gasta R$ 100 mil por mês.
Atualmente, a instituição atende cerca de 400 crianças portadoras de necessidades especiais, para isso, conta com uma equipe multidisciplinar, formada por 36 profissionais, entre eles, psicólogos, fisioterapeutas, instrutores e professores de informática, esportes, dança e música. Os profissionais estão com salários atrasados, além dos encargos trabalhistas. O décimo terceiro não está garantido.
Casarão na Justiça
Para reverter a situação de penúria, a direção da Afape tenta, há anos, vender o casarão do bairro Vila Amélia (foto), onde por décadas funcionou a 151ª DP. Avaliado em R$ 3,5 milhões, o casarão tem três compradores interessados, mas o tombamento do imóvel, realizado pelo município em 2009, dificulta a transação, segundo Iomar Penza.
“Entramos na Justiça contra esse tombamento, porque o consideramos irregular. Estamos aguardando a decisão do juiz”, disse o presidente da Afape. Penza alega que não há razões que justifiquem o tombamento do imóvel. “Pesquisei sobre a história da casa e ninguém importante morou lá. Era uma fazenda e um chalé, ou seja, não tem relevância nenhuma. Não há valor histórico”, acredita ele.
Historiadores e a prefeitura, porém, discordam do presidente da Afape e reafirmam a importância histórica do espaço. Segundo a prefeitura, o imóvel é privado e pode ser vendido, entretanto, o novo proprietário deverá seguir as normas de conservação da fachada do casarão em obras futuras, mantendo a integridade do imóvel.
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