Vôlei do NFCC: infantil é campeão e mirim é vice no Rio de Janeiro

segunda-feira, 30 de junho de 2014
por Vinicius Gastin
Vôlei do NFCC: infantil é campeão e mirim é vice no Rio de Janeiro
Vôlei do NFCC: infantil é campeão e mirim é vice no Rio de Janeiro

​Dois troféus para coroar o trabalho e o talento das meninas do vôlei friburguense. O primeiro deles conquistado pelo time infantil do Nova Friburgo Country Clube, no Novo Leblon. A equipe de Gustavo Costa perdeu apenas um set, levou o título do torneio e teve Gabriela Larica eleita a melhor jogadora. O mirim do NFCC entrou em quadra duas semanas depois, em 31 de maio, e ficou com o vice-campeonato da competição disputada no Oasis Clube, na Barra da Tijuca. Vitória Castro foi a destaque, eleita a melhor atleta.

Trabalho que rende frutos

O sucesso está diretamente relacionado ao trabalho realizado pela comissão técnica. O projeto teve início em 2009, ainda como Friburgo Vôlei, quando Gustavo Titoneli percebeu o potencial das quadras de Nova Friburgo e resolveu dar início aos trabalhos no voleibol. Neste mesmo ano, o técnico Valner dos Santos, que comandava o Niterói Vôlei, foi convidado a assumir a equipe. O experiente profissional, no entanto, não poderia estar à frente do time friburguense por muito tempo. Gustavo, então, contratou o jovem professor de educação física Rondinelli Esteves. 

Em 2010, ano em que assumiu oficialmente o comando da equipe, Rondinelli Esteves levou o time mirim feminino do Friburgo Vôlei à conquista da Liga Rio. Em 2012, as meninas do sub-13 e sub-15 conquistaram a Taça Lagos de forma invicta. Apesar das dificuldades para desenvolver um trabalho de voleibol em Nova Friburgo, o agora coordenador mantém o otimismo. Em entrevista ao A VOZ DA SERRA, ele destaca o crescimento do vôlei no país e pede o incentivo das escolas à prática do esporte. Rondinelli aposta no método de treinamento desenvolvido no Brasil e utilizado pelas equipes de ponta do mundo inteiro para levar as meninas ao bicampeonato.

O projeto

"De repente, surgiu esse projeto do Gustavo. A professora Janaína trabalharia aqui, pois eu estava em um processo de entrevista para ser admitido pelo Anchieta. Mas eles queriam um professor de basquete e eu não trabalho com essa modalidade. O Anchieta contratou um outro professor, a Janaína não pôde sair e me indicou para o Friburgo Vôlei. Trabalhei no início com o Valner, um profissional que pratica vôlei em alto nível. Eu tive algumas experiências dentro desse esporte, mas sempre como assistente. E assim fiquei durante um ano na equipe. No ano seguinte, o Valner ficou apenas como coordenador e eu assumi as equipes para participarmos da Liga, onde conquistamos o título com o mirim no primeiro ano. O trabalho cresceu e a qualificação é constante e gradual. Eu faço cursos, que não são anuais, e às vezes demoram dois anos para acontecer.”

Método de treinamento

"Através desse intercâmbio com o Valner nós trouxemos para Nova Friburgo esse método de treinamento. Uma forma que o Brasil desenvolveu para treinar desde a geração de prata, que mudou a forma de enxergar o vôlei no mundo. Todos os técnicos nível 1 ou 2 trabalham nesse mesmo formato, onde você direciona todos os exercícios para dentro do jogo. Eles são fragmentos de uma partida. O atleta está o tempo todo simulando uma situação de jogo, ao trabalhar o toque, a manchete e outros movimentos dentro dessa atividade. A gente trabalha muito o fundamento dentro da escolinha e, nas equipes, eles são praticados dentro desses fragmentos de jogo. A gente direciona os fundamentos para os cortes em direção ao chão, saídas de lado e os utilizamos dentro da prática. Em alguns exercícios, o atleta recebe, passa e levanta dentro das situações normais de jogo. O vôlei é muito diferente. Se uma pessoa erra, o ponto é do adversário, não tem a recuperação. Para o atleta essa questão deve ser muito trabalhada, a fim de entender esse processo, não se sentir sobrecarregado e aprender a errar, antes mesmo de acertar.”

"São ritmos e faixas etárias diferentes. Aos 14, 15 anos a menina está no auge da adolescência e temos que controlá-las muito mais, ter um treino motivador o tempo todo. São milhões de atividades e elas se dispersam.”

Dificuldades para desenvolver o vôlei em Nova Friburgo

"A maior dificuldade é não ter o trabalho em todas as escolas. Temos que formar atletas, quando na verdade o clube deveria pegar as principais jogadoras dos colégios com essa noção para trabalhá-las. Às vezes chegam meninas que nunca jogaram vôlei. Quando o trabalho é massificado, fica mais fácil descobrir os talentos e o ritmo flui melhor. Hoje em dia existe uma carência de profissionais na área de voleibol. Nós quase não temos estagiários para trabalhar na área; eles ficam com medo porque não jogaram antes. Até essa questão é complexa. Mas acho que o Intercolegial é um bom caminho. O incentivo do poder público é necessário para ter um treinamento que não existe nas escolas públicas e nas particulares, para desenvolver outros esportes que não sejam o futebol.”

Desenvolvimento do esporte no país

"O vôlei foi o esporte no Brasil que mais se organizou nos últimos anos. Teve boas administrações. Durante algum tempo, nós ostentamos o título de melhor voleibol do mundo e as outras equipes começaram a se espelhar no Brasil. Temos um nível de organização muito bom, um centro de treinamento de referência em Saquarema, mas falta um incentivo pra base. O país teve momentos melhores, principalmente no feminino. Falta um pouco de investimento nas cidades do interior, para sair desse eixo Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Sul. Entretanto, é o esporte que mais cresce em termos de coletividade.”

Espaço na mídia e crescimento do vôlei

"Todo mundo adora ver jogo de voleibol, que tem um espaço nos canais abertos de televisão de vez em quando. Não tem como brigar na mídia com o futebol, mas sempre tem um noticiário e um público que adora. Os pais gostam que os filhos e filhas joguem voleibol, que é um esporte de muita disciplina. A gente vive um momento bom e a tendência é melhorar até as Olimpíadas. A procura sempre aumenta quando o Brasil conquista uma medalha. Nós observamos claramente que, a partir de uma transmissão ou título, as pessoas nos procuram. Mas faltam as escolas trabalharem mais o voleibol, para incentivar as crianças.”

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