Viver com suas qualidades e defeitos

Muitas vezes, quando a mulher sente que está envelhecendo, as coisas todas que aconteceram em seu passado e que foram sepultadas começam a renascer, a voltar à tona. Começa a se sentir rejeitada pelo marido, pelos filhos e pelo ambiente em que vive. A pessoa vai aceitando o abandono da família, então a revolta e a raiva vão se atenuando. Deve reagir, pois cada ideia negativa deve ir substituindo por outra positiva. O amor vai substituindo o ódio, a mágoa, o rancor. O desânimo deve ser substituído por uma reação positiva, que o levante e não o deixe parado sem saber o que fazer.

Aos poucos, pode ir aceitando as mágoas, os sofrimentos. É preciso aceitar, reconhecer que aconteceu ou acontece, mas reagir contra essa situação.

Sabemos que, à medida que a pessoa vai restringindo o seu trabalho, as suas atividades e até os seus movimentos, vai ficando alheia ao que acontece em seu ambiente e vivendo apenas a sua vida interior. É prejudicial e, se insistir, vai ficar falando consigo mesma, curtindo as coisas negativas que a envolveram durante a vida passada.

Às vezes, uma pessoa que foi alegre, comunicativa, gostando de frequentar ambientes barulhentos, com muita conversa, com muito som, por causa das críticas que lhe fazem por ser velha, vai se fechando para evitar comentários desagradáveis às suas atitudes. É preciso lutar para não se concentrar na revolta, no ódio, na aversão que sente pelas pessoas. Se não reagir, vai prejudicar a si mesma e as pessoas que a amam e a aceitam como é.

As pessoas devem conviver com suas qualidades e defeitos quando estes não podem ser mudados e viver a sua vida como achar melhor, conservando tudo que lhe possa dar satisfação.

Para cada alegria perdida, preparar-se para outras que virão. A vida não é formada apenas por maus momentos. Procure participar das alegrias, de todos os momentos da família, dos que vivem ao seu redor, colaborando sempre que possível com a sua experiência, com seu otimismo e alegria.

Não fique rememorando as coisas ruins que lhe aconteceram em sua vida passada, nem sentindo que apenas com você acontecem coisas ruins. Todos os seres humanos tiveram ou terão momentos bons e momentos ruins. Não é privilégio seu...

(*) - médica geriatra e escritora

colaboradora de jornais e revistas