Mistérios que, talvez, nunca serão desvendados. Enquanto a humanidade busca as respostas, a Vilage no Samba transformou as incertezas em carnaval. E dentro de um universo repleto de dúvidas, ficou comprovado que a verde e branco soube voar com seu símbolo maior pela “Fascinante viagem da águia pelos mistérios que o homem não decifrou”. O enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Márcio Venâncio, que teve muito bom gosto na escolha da combinação de cores e desenho das alegorias.
A agremiação fez certo mistério sobre o que levaria para a avenida, mas começou a desvendá-los logo na comissão de frente. Os componentes fizeram diversos tipos de evolução, e surpreenderam com alguns efeitos especiais. Os integrantes retratavam a antiga e — ao que parece — eterna discussão entre a fé e a ciência.
A águia no abre-alas, brilhante, dourada e colorida em verde voava sobre o Eldorado e anunciava a passagem da Vilage no Samba pela Alberto Braune. O primeiro carro veio resguardado por Betão e Alessandra, casal número um de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação. Distribuídos em 20 alas (algumas coreografadas), quatro carros alegóricos e um tripé, os componentes retribuíram o calor do público nas arquibancadas. As dificuldades financeiras parecem ter reforçado a criatividade, e as bandejas descartáveis, macarrão de piscina, garrafas PETs e tecidos mais baratos causaram efeitos muito semelhantes aos de materiais mais caros. Foi assim que a Vila retratou a Babilônia, o Jardim do Éden, o Rei Salomão e até mesmo a morte em uma de suas alas.
Como prometido pela Escola, o grande destaque do desfile foi o Santo Graal, o misterioso cálice sagrado que Jesus Cristo usou para repartir o vinho com seus discípulos na Santa Ceia. Um dos maiores mistérios da fé cristã foi representado na Avenida, atraiu olhares curiosos e arrancou aplausos, bem como a bateria Sinfônica da Vila, comandada pelo Mestre Rodrigo Vidal e acompanhada pela Rainha e pela Musa Pâmela Jordão. Os ritmistas se vestiram como Ogans, que nas religiões africanas são os responsáveis por anunciar a chegada dos orixás.
O samba, composto por Jeferson Lima, João Coreia, Adonai Valeriano, Vitor Alves e interpretado por Niu de Souza, apresenta algumas passagens misteriosas da humanidade. A cidade de Atlântida, que emergiu no mar do Norte, o eldorado e a fé foram elementos presentes na letra e na passarela. Para encerrar a empolgante passagem da verde e branco, a paz entre as crenças e povos veio representada na última alegoria. No paraíso da Vila não houve espaço para fome, sede, tristeza e dor. Apenas a felicidade ao assistir a verde e branco desfilar e dar o seu recado na passarela do samba.
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