Bruno Pedretti
Localizado nas imediações do centro da cidade, o bairro Vilage possui um diversificado comércio e tem como característica principal as construções nas encostas de seus morros. O nome do bairro é muito conhecido, pois uma das cinco escolas de samba de Nova Friburgo chama-se Vilage, embora a quadra da agremiação esteja situada em Duas Pedras. Também se pode encontrar no bairro uma das principais universidades do município – a Candido Mendes –, um colégio particular, a sede da Coordenadoria do Bem-Estar Animal, a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo (Aeanf), entre outras importantes instituições, que fazem o local ficar movimentado. É a partir daí que começam as reclamações dos moradores.
A maioria dos residentes ressaltou o excelente serviço de coleta de lixo, mas também a dificuldade de se transitar no bairro durante o horário de funcionamento do colégio e da faculdade, por conta do altíssimo número de automóveis que estaciona no bairro. Outro ponto enfatizado é o ônibus que circula pela Vilage. Segundo o morador Adeir Ribeiro, os horários em que o coletivo circula no local são inúteis para os moradores. “O último ônibus que passa aqui é às 19h30, depois deste horário não temos mais condução, é uma situação que nos incomoda demais”, afirma. Ele diz ainda que diversos projetos já foram aprovados pela Câmara Municipal em prol do bairro, mas não foram colocados em prática. “Já foram aprovados o corrimão para o escadão e uma quadra poliesportiva para dar mais lazer aos jovens que moram aqui, porém não saiu do papel”, queixa-se Adeir. Ele afirma também que a praça está necessitando de mais segurança e que a ronda policial está deixando a desejar.
Caminhando pelas calçadas da Avenida Euterpe Friburguense, nota-se que o calçamento não é dos melhores e que buracos começam a surgir, colocando em risco idosos e crianças. O comerciante Caetano já reside no bairro há mais de 20 anos e afirma que nos últimos dez anos a segurança do bairro melhorou bastante, mas não deixa de fazer algumas ressalvas quanto ao calçamento e ao trânsito. “Nossas calçadas estão em condições precárias, mas o que realmente precisa é instalar um redutor de velocidade eletrônico, pois de madrugada a Avenida Euterpe Friburguense vira ponto de encontro de ‘pegas’, ocasionando inúmeros acidentes”, comenta. Uma escola pública também é pleiteada pelos moradores da Vilage. “Estamos necessitando muito de uma escola pública, já que a mais próxima é a Odette Penna Muniz, e não suporta o número de alunos que temos aqui no bairro. Só quem tem condições financeiras se beneficia da educação no nosso bairro, pois existe um colégio particular de bom nível e a Candido Mendes”, afirma Caetano.
A iluminação pública é alvo das críticas dos moradores. A Energisa, concessionária que realiza a distribuição de energia para Nova Friburgo, localiza-se na Vilage, o que revolta muitos residentes, pois segundo eles frequentemente falta luz no local. “O bairro inteiro está com iluminação pública precária. Já fizemos um requerimento há mais de dois anos para a empresa e nada foi resolvido. Facilita muito os assaltantes e contribui para que aumente ainda mais o índice de acidentes”, afirma Caetano.
A pouca visibilidade devido a uma banca de jornal localizada na Avenida Euterpe também foi lembrada por alguns moradores, que afirmaram a dificuldade de atravessar a rua e avistar o ônibus que desejam pegar devido à localização da banca. Segundo o proprietário da banca de jornais, Cilmar de Abreu, o grande problema são os motoristas, que não estão respeitando a sinalização da Rua General Andrade Neves, e não o ponto onde a banca se encontra. “Eles estão descendo na contramão, o que contribui para os acidentes. A banca é legalizada e já estou aqui há quatro anos, os próprios motoristas é que não estão respeitando”, defende-se Cilmar.
O morador Hélio Batista ressaltou a falta de tampas nos bueiros, que segundo ele está contribuindo demais para a proliferação de ratos no bairro. Já Maurício Sales, que há 31 anos possui um conhecido bar no local, apelidado por universitários da Ucam de “Sala 15”, pede que a Prefeitura estude a possibilidade de instalar no mínimo dois quebra-molas para reduzir a velocidade dos motoristas que circulam na Rua Professor Freeze. Ele ressalta também a importância de agentes de trânsito da Autran no horário de funcionamento do colégio e da universidade. “A Autran deve ter mais atenção no horário de entrada e saída do colégio e da faculdade, pois os motoristas estão parando dos dois lados da calçada, dificultando a passagem do micro-ônibus que roda no bairro”, comenta Maurício.
A Creche Municipal João Batista Faria também se localiza na Vilage, ajudando muitos pais que precisam trabalhar e deixar seus filhos na creche, mas, de acordo com o vice-presidente da associação de moradores, Renato Reis de Oliveira, estão faltando muitos materiais para as crianças. “Está faltando muita coisa na nossa creche e é graças à associação de moradores que as crianças têm televisão e um DVD, que os comerciantes locais cederam para a creche”, diz Renato.
Um terreno abandonado num dos pontos mais altos da Vilage também indigna alguns moradores. Segundo João Dias da Silva, que já foi administrador do bairro, os próprios residentes despejam lixo e mato no terreno, o que atrai muitos ratos e baratas. “A população deveria ter mais consciência de que esse terreno faz parte do nosso bairro e todos temos o dever de cuidar dele, para mantê-lo limpo”, resume João, que construiu uma lixeira ao lado do terreno e tempos depois solicitou à Prefeitura um coletor de lixo, para evitar que as pessoas jogassem restos de lixo no terreno baldio.
Moradora da Vilage há mais de 40 anos, Ana Maria diz que de uns tempos para cá o bairro vem melhorando bastante, mas o escadão utilizado por muitos moradores é ponto frequente de acidentes. “As escadas são irregulares, além de não terem corrimões para segurarmos. Idosos e crianças já se machucaram. O escadão facilita muito a vida de quem mora aqui em cima”, atesta Ana Maria.
Já Alexandre Carlos Malheiros reclama do calçamento da rua do ponto final do ônibus. O morador possui deficiência física e depende de cadeira de rodas para transitar no bairro, porém, necessita do auxílio de sua esposa para se locomover, já que o calçamento é muito irregular.
O que dizem o poder público e as concessionárias sobre as reivindicações dos moradores
A reportagem de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Autran, que através do gerente operacional, Carlos Alberto Bayer, informou a existência de placas na Rua Professor Freeze proibindo a parada de automóveis dos dois lados da via, os próprios motoristas é que não estão respeitando a sinalização. Segundo Bayer, viaturas e agentes da Autran estão multando e rebocando os veículos dos infratores.
De acordo com os próprios moradores, a Faol enviaria representantes para discutir os horários dos ônibus que circulam no bairro, demonstrando interesse em solucionar os problemas apresentados.
Em relação às reclamações da iluminação pública do bairro, a Energisa também se colocou à disposição para maiores esclarecimentos e enviou à redação a seguinte nota: “A manutenção de iluminação pública de praças é de responsabilidade da PMNF e deve ser solicitada à Secretaria de Serviços Públicos. Já a parte mais alta do bairro, apesar de não termos qualquer reclamação de iluminação pública pendente, no que diz respeito à manutenção, iremos fazer uma revisão geral ainda esta semana. Caso a reclamação refira-se à falta de iluminação, ou seja, necessidade de instalação de novos pontos, este pleito também deve ser dirigido à Secretaria de Serviços Públicos”.
A Prefeitura se prontificou quanto aos problemas apresentados pelos moradores da Vilage. Explicou que as calçadas da Avenida Euterpe Friburguense são de responsabilidade dos proprietários dos estabelecimentos. Quanto à situação do escadão e dos bueiros sem tampas, esclareceu o seguinte: “O novo secretário de Obras esteve no local para avaliar as condições do bairro e se inteirar dos problemas da comunidade, que não são atuais, inclusive o do escadão, que é do conhecimento da administração municipal, mas depende de um sério trabalho de revitalização. Ele pretende levantar todas as questões pendentes não só na Vilage, mas também em todo o município, para dar andamento aos reparos necessários”.
Sobre as reivindicações de rondas policiais no local, a Prefeitura informou que já entrou em contato com a PM para ampliar a vigilância no bairro. Finalizando, a Secretaria Municipal de Educação desconhece a falta de material na Creche João Batista Faria e vai averiguar a veracidade da denúncia feita por moradores da Vilage.
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