Vila Amélia: quase quatro anos depois, cenário começa a mudar

quinta-feira, 02 de outubro de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Vila Amélia: quase quatro anos depois, cenário começa a mudar
Vila Amélia: quase quatro anos depois, cenário começa a mudar

Localizada praticamente no centro da cidade, a Vila Amélia é um dos bairros mais tradicionais e familiares de Nova Friburgo. A tranquilidade ainda é uma de suas características mais marcantes. Os moradores, em sua maioria, são antigos e se conhecem pelo nome. A feirinha às quartas-feiras e domingos é uma tradição não apenas para quem mora perto dali, mas para pessoas de toda a cidade que dão preferência a fazerem lá suas compras, pelo bom preço e pela qualidade dos alimentos. A quadra poliesportiva na pracinha, reformada há pouco tempo, é uma boa opção de lazer e atividade física para crianças e adultos. O casarão — antiga sede da vila que deu nome ao bairro — já foi por muitos anos a delegacia de polícia da cidade e hoje é um dos símbolos da luta pela preservação da história de Nova Friburgo. 

Apesar de todo o charme do bairro, ao seu redor há ainda bem vivas diversas cicatrizes da tragédia de janeiro de 2011. Naquela madrugada do dia 12, muitas barreiras deslizaram e uma forte corrente de água tomou conta da rua principal da Vila Amélia, a Rua Teresópolis. Em vídeos realizados na ocasião, é possível ver a correnteza carregando até mesmo carros estacionados. Foram arrancados paralelepípedos, tampas de bueiros, pedaços de calçadas — e, o que ficou mais marcado em seguida, as lajes de concreto que cobriam o Córrego do Relógio. 

Três anos e meio após a fatídica madrugada — há dois meses — foi iniciada a obra para cobrir a calçada sob a qual passa o riacho. Para acessar os imóveis daquele lado da rua, os moradores atravessavam pontes improvisadas. Os pedestres eram obrigados a passar pelo canto da rua. Hoje, um deck de madeira está sendo montado — em algumas partes já está pronto — sob o percurso do rio, substituindo a laje de concreto arrancada em 2011. O projeto de revitalização do entorno do Córrego do Relógio prevê, além do deck, a construção de uma ciclovia. Uma questão que vem sendo levantada é: numa eventual próxima enchente, um deck de madeira será capaz de conter as águas, sendo que elas foram capazes de remover concreto? 

Fato é que a obra, ainda que tardia, está sendo realizada. Porém, apesar de necessária, está trazendo problemas ao trânsito da Rua Teresópolis — que dá acesso a condomínios, ao Sesi, à Escola Zélia dos Santos Côrtes, ao Esporte Clube Filó e à Fabrica de Filó, que hoje abriga a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Ônibus também passam por ali, o que dificulta ainda mais o trânsito, que apesar de não haver congestionamento, acontece de forma desordenada, atravancada. 

Estacionamento

Com a proximidade do centro da cidade, com tantas residências, escolas, clubes, a feira, e agora uma universidade, falta espaço no bairro para estacionamento. O técnico de enfermagem Marcos Elias é morador da Vila Amélia há 42 anos e se mostra insatisfeito com a situação. "Está difícil chegar em casa e arrumar uma vaga para estacionar. O lado da rua em que dá para parar está sempre lotado, e do outro não tem como por causa da obra. Os carros do pessoal da feira ficam todos por aqui. É complicado. Além disso, na rua não tem quebra-molas, nem sinalização indicando que há escolas. Então os carros e ônibus passam em alta velocidade. É até perigoso.” Apesar desses problemas, o técnico em enfermagem elogia o bairro, citando os lados positivos de residir no local. "O bairro em si é muito bom, tranquilo. Os moradores se conhecem, todos têm uma boa relação, a rapaziada se reúne na quadrinha ali embaixo para jogar futebol, é muito legal. Mas como todos os bairros, precisa de algumas melhorias.”

Outra característica peculiar do bairro é, excetuando-se a feira, a quase inexistência de comércio. Apenas alguns estabelecimentos podem ser observados: um restaurante aqui, um mercadinho ali, uma lanchonete, poucas lojinhas... Definitivamente, trata-se de um bairro muito mais residencial do que comercial. Talvez isso se explique pela proximidade ao centro da cidade. Anach Guimarães possui uma lanchonete na Rua Teresópolis e diz que, apesar da falta de comércio no local, o movimento em seu estabelecimento é bom e que a chegada da universidade ajudou o negócio. "Aqui sempre tem uma clientela boa, não posso reclamar. Com certeza a chegada da Uerj também melhorou muito o movimento.” 

Um fato que também chama atenção é a quantidade de residências atualmente colocadas à venda ou disponíveis para locação, principalmente próximas à Fábrica de Filó, onde há encostas.

Casarão abandonado

Outro ponto de referência do bairro, o casarão, que outrora abrigava a delegacia de polícia da cidade, hoje está abandonado. O imponente imóvel pertence à Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando (Afape) e encontra-se vazio desde setembro de 2011, quando a delegacia transferiu suas instalações para a Avenida Presidente Costa e Silva, na Vila Nova. O casarão se deteriora a olhos vistos. Um tapume evita que o imóvel seja invadido e vandalizado, mas infiltrações tomam conta do prédio, que possui um belo vitrô, pisos, escadarias e corrimãos de madeira de lei. Na sacada do segundo andar, a água da chuva empoçada transforma-se num verdadeiro criadouro de mosquitos, inclusive do Aedes aegypti. Houve muita discussão acerca do que seria feito com a construção histórica, até abaixos-assinados foram feitos, mas até agora, nenhuma decisão foi tomada.

Rua Barucke

A Rua Barucke é uma pequena transversal que se localiza perto do Posto de Saúde Silvio Henrique Braune, e que se encontra em estado de abandono. Nela existem apenas algumas casas simples, de construção bem antiga, e a calçada do lado oposto está em estado lastimável. Buracos de mais de um metro põem em risco a integridade física de quem se arrisca a passar pelo local. Poucos estão "tapados", de maneira improvisada, com concreto, tábuas e até com uma grade, que parece ser o pedaço de um portão. Os buracos são tão grandes que é possível enxergar perfeitamente o curso do córrego logo abaixo.

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TAGS: Vila Amélia | Rua Barucke
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