Vila Amélia: moradores cobram das autoridades a cobertura do córrego e a reurbanização do bairro

terça-feira, 02 de abril de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Vila Amélia: moradores cobram das autoridades a cobertura do córrego e a reurbanização do bairro
Vila Amélia: moradores cobram das autoridades a cobertura do córrego e a reurbanização do bairro

O bairro Vila Amélia, outrora tranquilo e admirado por moradores e visitantes, há mais de dois anos virou um “Deus nos acuda”. Durante a tragédia de janeiro de 2011 o Córrego do Relógio estourou e as ruas do bairro foram invadidas pela lama. Esta foi retirada—e nada mais foi feito. Do jeito que ficou está até hoje. Os moradores sofrem com as consequências—perigo de queda no córrego, mau cheiro, mosquitos, ratos, mau aspecto—e cobram das autoridades a volta do bom bairro de outrora.

PROMESSA NÃO CUMPRIDA – Kleber Eyer é síndico do Edifício Faria Lima, do Conjunto Vila Amélia, que enfatiza estar o bairro do jeito que a tragédia deixou. Para realçar o perigo que representa o Córrego do Relógio sem nenhuma proteção, ele relembra a queda de uma senhora no córrego, retirada por uma escada pelo pessoal que trabalha no mercado da feira. Um caso felizmente sem maior gravidade. E o perigo continua, inclusive caminhões e carros param próximo ao córrego. 

O mau cheiro, segundo Kleber, diminuiu bastante com a implantação dos tubos coletores de esgoto. Mas não acabou. Há também problemas com pernilongos que atormentam os moradores, problema que não existia quando o córrego era coberto.

De acordo com Kleber, o que todos querem é que a Vila Amélia volte ao que era antes da tragédia, com o córrego coberto e a quadra de esportes recuperada. Ele se chateia ao relembrar que autoridades tiveram no local após a enchente e prometeram recuperar o local, o que não aconteceu.

O síndico lembra ainda que uma barreira próximo ao mercado da feira destruiu o salão de reuniões e festas do condomínio. Igualmente a lama foi retirada, recebeu promessas das autoridades para contenção no local e nada foi feito. O agravante é que uma casa continua habitada na parte de cima. A situação foi protocolada por ele na Prefeitura, através de um abaixo-assinado, solicitando as obras necessárias—incluindo a recuperação da quadra do bloco Globo de Ouro, atrás do mercado da feira—e até agora nada foi feito. “Eu estive na Secretaria de Obras, disseram que tem verba e só precisava de uma licitação para fazer isso aí. Agora quando é, não sei.”

MOSQUITOS – Outra moradora antiga da Vila Amélia, Rosângela Oliveira Silva, atesta que somente a lama foi tirada do bairro e nada mais foi feito. Ela salienta que até árvores estão nascendo na beira do córrego, devido ao abandono. “Eu fico até revoltada, porque era um bairro tão bonito, a rua era bonita, agora está tudo largado, a quadra acabou”, lamenta.

A moradora cita que quando chove sobe um vapor do córrego, com mau cheiro muito forte. Outro problema que não havia antes, são os pequenos mosquitos—miúdos e pretos—que têm mordido as pessoas e deixam uma coceira tremenda. 

Rosângela também lembra que uma professora caiu no córrego, além de dois garotos, salvos pelo pessoal da feira, com uma escada. Ela tem reclamado das autoridades pela imprensa e pelo Facebook, mas não vê solução. E até agora ela não obteve qualquer resposta oficial das autoridades. Até uma manifestação que fechou a rua já foi feita. Autoridades no local só dias depois da tragédia. “Meus impostos estão sendo pagos e aqui todo mundo paga seus impostos em dia. Eu quero o córrego coberto e que fique como era antes. Isto está uma coisa horrorosa. Estamos largados aqui e não tem providência nenhuma”, afirma Rosângela.

NOVA COBERTURA – Outra antiga moradora da Vila Amélia, Maria Helena Freitas, se incomoda com o mau cheiro exalado do córrego, além de pernilongos e dos pequenos mosquitos, o que a obriga a manter seu apartamento sempre fechado. Sem contar o perigo, porque o córrego não tem nenhuma proteção, já tendo sido registradas quedas de pessoas ali, inclusive um morador do seu prédio.

Maria Helena reivindica o imediato fechamento do córrego, com o calçadão de outrora e sem os insetos de agora. “A primeira coisa que eles podiam fazer é cobrir a galeria. E também, depois, as calçadas, que estão todas quebradas.” Ela se irrita que na época da campanha muitos políticos estiveram no bairro, na feira, e depois desapareceram.

UM DECK PARA TAPAR O BURACO – No Bar e Restaurante Cantinho da Vila o antigo funcionário Natalino Schuenck relembra os três meses do estabelecimento fechado. Foi um longo tempo de limpeza e espera pelo desssoreamento do córrego para que o esgoto pudesse fluir. E depois de todo esse tempo nada mais foi feito na Vila Amélia. 

Em frente ao bar e restaurante a cobertura foi destruída e o proprietário construiu um deck para cobrir o buraco, por questões de segurança da clientela e para diminuir o mau cheiro—que diminuiu, mas não acabou. Natal também se queixa da obstrução do córrego e cobra das autoridades a reurbanização da Vila Amélia.

IMPROVISAÇÃO – Yeda Pinheiro é mais uma antiga moradora do bairro que reclama da situação. Ela esteve com o ex-secretário de Obras da Prefeitura, Clauber Domingues, mas não teve a situação resolvida. Cansada de esperar, improvisou uma cobertura de tábuas em frente à sua propriedade. 

A moradora cita que uma senhora de 83 anos caiu no córrego em frente à sua casa e chegou a gastar R$ 25 mil no tratamento de seu braço. Yeda também reivindica a cobertura e a reurbanização local, inclusive porque vizinhos seus estão sem acesso de garagem. “É o maior absurdo isso aí. A gente está sofrendo”, lamenta, citando que o que restou da cobertura da tragédia foi destruído por uma empreiteira para desassorear o córrego.

DESTRUIÇÃO – Marilene Bachini também mora há muitos anos na Vila Amélia e teve prejuízos enormes na tragédia. Onde era a sala da casa agora é uma varanda e uma área. Seu carro estava na garagem e só foi retirado 15 dias depois. Mas o acesso foi destruído pela empreiteira. O portão foi jogado dentro do córrego e só foi retirado pelos vizinhos. As perdas foram enormes.

A moradora também reivindica a reurbanização da Vila Amélia, mas antes, frisa ela, é preciso dragar o córrego. A Prefeitura já fez uma limpeza no ano passado, mas o mato voltou a crescer. Nova limpeza está prometida, mas até agora não foi feita. E quando chove o córrego enche e transborda de novo, como ocorreu há um mês. O perigo continua. 

 

Resposta da Prefeitura

Em atenção à solicitação encaminhada sobre o Córrego do Relógio, na Vila Amélia, o secretário Edson Lisboa, do Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP), informa que já existe um projeto aprovado no Ministério das Cidades e uma operação aprovada na Caixa Econômica Federal, através do Programa de Planejamento Urbano, destinada à urbanização da área da Vila Amélia, no valor de R$ 858.478,26. Falta apenas a assinatura do convênio com a Caixa para autorização do processo licitatório da obra.

 

 

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