Pintor francês do pós-impressionismo, Paul Gauguin (1848-1903), tem uma biografia digna de nota: apesar de nascido em Paris, o artista passou os primeiros anos de sua vida em Lima, Peru, onde seus pais se refugiaram após a chegada de Napoleão III ao poder. Aos 17 anos, já de volta à França, Gauguin ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou numa corretora de valores e teve cinco filhos. Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de Paris, tomou aquela que seria a decisão mais importante de sua vida, passando a se dedicar totalmente à pintura.
É claro, fez isso de forma extremamente singular, dedicando-se a uma vida de viagens e boêmia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Com uma vida longe de ser fácil, recheada de dificuldades econômicas, problemas conjugais e doenças, Gauguin teve uma obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como as de Van Gogh ou Paul Cézanne. Suas obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. No Taiti, viagem que fez em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa, suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas.
Morou no sul da França, onde conviveu com Vincent Van Gogh. Numa viagem à Martinica, em 1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o “retorno ao princípio”, ou seja, à arte primitivista. Em meados de 1891regressou ao Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre tipos indígenas, como Vahiné no te tiare(A moça com a flor) e Mulheres de Taiti, além de executar inúmeras esculturas e escrever um livro, Noa noa. Por fim, fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?, uma tela enorme que sintetiza toda sua pintura.
Dono de tal biografia (e obra), é natural que o pintor francês seja constantemente revisitado. Mais natural ainda que Zeppe lhe dedique uma exposição, afinal, o artista plástico friburguense, que já realizou trabalho semelhante com Van Gogh, agora faz uma retrospectiva da vida e da obra de Paul Gauguin através de suas belas esculturas que buscam não só conceder tridimensionalidade aos quadros do francês, mas também remontam alguns momentos de sua tão interessante trajetória de vida.
O trabalho de Zeppe, em todo o seu minucioso detalhismo, pode ser conferido no Centro de Arte, até esta quinta-feira, 20. É uma ótima oportunidade, não só para conhecer a obra de Gauguin, mas também para respirá-la, descobrindo caminhos, pinceladas, detalhes.
fotos: regina lo bianco
Deixe o seu comentário