A temperatura não podia estar mais agradável e a noite, mais bonita. Tinha até uma linda lua crescente que brilhava no céu, destacando o cenário da Via-Sacra Viva, que foi apresentada no domingo, 5, pela 17ª vez consecutiva. Projeto da Paróquia de Sant’Ana, no Cônego, o evento deixou este ano a pracinha do Cônego e passou para o parque de shows da Via Expressa, em Olaria, atraindo um público ainda maior.
Caravanas de fiéis de diversas paróquias da cidade foram assistir ao espetáculo. Difícil calcular multidões, mas pelo menos três mil pessoas assistiram à montagem do espetáculo religioso que contou a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Os ensaios começaram no primeiro domingo após o carnaval e, desde então, o grupo trabalhou exaustivamente.
Trata-se de um espetáculo grandioso. Só os artistas, chegaram a 150. Este ano, o elenco recebeu alguns reforços da Paróquia Nossa Senhora das Graças, de Olaria, e até da Igreja Presbiteriana do Cônego, num total congraçamento cristão.
O espetáculo foi montado em diversos palcos espalhados pelo parque de eventos, onde foram encenadas as diversas estações da Paixão de Cristo. A primeira, mostrando a Santa Ceia, ficava no lado da Via Expressa que fica perto do Ciep Licínio Teixeira, seguindo até um patamar localizado na parte mais alta, onde foi representada a crucificação de Jesus. Neste trajeto, foram encenados os momentos finais da vida de Cristo. Este foi interpretado por Peterson Rondinelli de Oliveira e Maria, sua mãe, por Erlange Borges. Simone Frossard fez o papel de Madalena e Gustavo Quima, de Pilatos. Os apóstolos Pedro, Judas e Tomé foram interpretados, respectivamente, por Silvio Lúcio de Oliveira, Pedro Rogério da Silveira e Ermando Manoel de Moura. Os passos de Jesus foram narrados por Lidiane Fracacio de Moura
A Via-Sacra Viva de Nova Friburgo tem um público cativo. Há quem tenha assistido a todas as edições anteriores, como dona Maria José Ribeiro que, emocionada, acompanhou todo o espetáculo de pé, apesar de seus 78 anos. “Desta vez trouxe toda a minha família. Queria que minhas filhas e meus netos vissem de perto o sofrimento de Jesus, como ele foi traído por seu melhor amigo e como perdoou a todos que fizeram isso com ele”, afirmou.
O grand finale, isto é, a crucificação, também foi acompanhado por grande comoção, inclusive pelos mais jovens e pessoas de outras religiões. “Achei lindo, emocionante. Nunca é demais lembrar como Jesus Cristo sofreu por nós”, disse Luiza Alencar, de 25 anos, que assistia à encenação pela primeira vez e se disse kardecista. “Todos os cristãos deveriam assistir este espetáculo. Eu pensava que era só para católicos e só vim porque uma amiga minha participa do elenco. Ainda bem, porque estou achando tudo muito bonito, além de transmitir mensagens importantes para todas as pessoas”, declarou.
A cada ano são incluídas cenas diferentes na Via-Sacra, motivando emoções tanto nos espectadores mais antigos quanto nos mais novos. Segundo um dos coordenadores, Júlio Silveira, a intenção é apresentar, realmente, um espetáculo amador, “feito por fiéis para fiéis”. O objetivo é claro: evangelizar, evangelizar e evangelizar.
O projeto começou pequeno, com o padre José Maria Veloso e o grupo jovem da igreja. Alguns integrantes, inclusive, participam até hoje e lembram que no começo, o espetáculo era montado em cima de um caminhão e a Via-Sacra dava apenas uma volta em torno da igreja de Sant’Ana.
Os fiéis da paróquia sempre participaram muito da Via-Sacra Viva e ela foi crescendo. Até que não foi mais possível ficar ao redor da igreja e imediações. No ano passado, deixou os domínios da paróquia e foi montada na própria Via Expressa, o que causou graves reflexos no trânsito de Olaria. Por isso mesmo, decidiu-se este ano por montá-la dentro do parque de eventos. Hoje, a Via-Sacra Viva faz parte do calendário oficial de eventos do município e conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura que, inclusive, emprestou o professor de teatro da Oficina Escola de Artes, Gero Band, para ensaiar o grupo.
O projeto, presidido pelo padre Severino Correia da Silva, conquistou o Prêmio Galdino do Valle Filho de melhor evento religioso de 2008, oferecido pelo Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama). Como está há poucos meses à frente da Paróquia de Sant’Ana, o padre Severino assistia pela primeira vez à Via-Sacra Viva de Nova Friburgo e estava visivelmente impressionado com a qualidade e importância do trabalho. Afirmou conhecer espetáculos semelhantes, como o de Nova Jerusalém, em Pernambuco, seu estado natal, que é bem diferente, por ser desenvolvido de forma profissional e com atores consagrados.
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