Vereador friburguense propõe voto de repúdio ao “não” de Glauber Braga

Deputado federal foi contra a abertura de impeachment da presidente da República. Proposição pode ser apreciada na próxima terça-feira na Câmara Municipal de Nova Friburgo
sexta-feira, 29 de abril de 2016
por Ivan Correia
Vereador Nami Nassif (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
Vereador Nami Nassif (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

A sessão ordinária da Câmara Municipal de Nova Friburgo da última quinta-feira, 28, teve polêmicas de sobra, com a temperatura já nos píncaros desde o início. O motivo? Uma proposição do vereador Nami Nassif, que já consta do Sistema de Apoio ao Processo Legislativo. Nela, lê-se: “Voto de Repúdio: Ao Deputado Federal Glauber Braga, exclusivamente, pelo voto contrário à autorização para a abertura do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados”.

Nami tentará colocar o voto para ser apreciado pelo plenário na sessão da próxima terça-feira, 3 de maio, mas a controversa proposição já se alastrou como pólvora acesa e ateou fogo nos bastidores da Câmara.

O vereador conversou com o jornal e defendeu sua posição sem qualquer melindre: “Primeiramente, tenho que deixar claro aqui que gosto do deputado Glauber Braga, não tenho nada pessoalmente contra ele. Agora, a questão do voto ‘não’ contra o prosseguimento do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff foi muito grave.” Nami continuou, dizendo que “estamos em um momento crítico, com uma sucessão de escândalos de corrupção envolvendo o governo do PT, que gerou uma crise sem precedentes no país”. “Hoje a gente sente que, nas ruas, a população clamava por esse impeachment. Ele não ouviu a voz do povo. Ao votar contra o impeachment, ele não votou favorável à Dilma, ele votou contra o emprego, contra o desenvolvimento das empresas, contra a melhoria na saúde”, disparou Nami, que concluiu: “Eu lamento muito, porque citou inclusive pessoas como Leonel Brizola que, se estivesse vivo, votaria ‘sim’, pelo impeachment com toda a certeza”.

Professor Pierre, vereador da Câmara friburguense pelo Psol, partido de Glauber, discordou de forma veemente quando questionado pelo jornal a respeito da proposição: “Como assim?! Independentemente de qualquer discordância, crítica ou até desprezo que qualquer um possa ter pelo voto proferido pelo deputado Glauber, ele estava exercendo seu direito inviolável ao voto, como fizeram outras dezenas de deputados. Que história é essa de traição ao povo? Gluaber, inclusive, faz parte do meu partido, que é oposição ao governo Dilma, mas votou contra o impeachment pela ilegalidade e ilegitimidade de todo o processo, coordenado pelo mais corrupto de todos, Eduardo Cunha. Muito pelo contrário, Glauber ouviu sim a voz da parcela que representa. Se é minoria ou não é outra discussão, mas qualquer posição política nesse sentido é legítima”, completou Pierre.

Juristas ouvidos pelo jornal qualificaram como “aberração” um voto que se propõe a repudiar outro voto. Explicam que o voto de um parlamentar é direito absolutamente inviolável e que o precedente aberto por um expediente dessa natureza, caso venha a plenário, se colocará como uma perigosa afronta à própria Constituição. Quando questionado a respeito dessa possível inconstitucionalidade em sua proposição, Nassif argumentou “que o deputado Glauber sempre disse que seu mandato seria participativo, ouvindo a população. Ele é detentor de um mandato eletivo, não tem vontade própria, a vontade é a da população, que ele traiu ao votar ‘não’”.

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TAGS: Glauber Braga | Câmara Municipal de Nova Friburgo | impeachment | Nami Nassif
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