Velhice podemos dizer que é quando a pessoa se acovarda. O médico que se aposenta e se desliga da medicina, entregando a carteira da APM e AME, acha que está velho e que não tem mais condições de enfrentar a luta do dia a dia contra as doenças e contra a morte. Ele não consegue controlar as suas emoções e deve se resguardar para si mesmo e aproveitar a vida sem problemas e angústias.
O médico realmente se envolve com os doentes em todas as fases da vida, ele sofre junto, chora junto e se magoa quando não compreendem que a perda de um doente é tão dolorosa para a família quanto para ele.
Quando o médico tem em mãos o diagnóstico de uma doença incurável como a aids ou o câncer, tenta fazer o possível e o impossível para curar o doente ou ao menos aliviar o seu sofrimento e, vendo que os seus esforços foram em vão, se angustia, sofre tão intensamente que muitos chegam a abandonar a profissão, pois acham que não saberão mais lidar com as suas emoções.
Na maioria das vezes, o médico se afastado doente em fase final, o que mais precisa de ajuda, porque não sabe mais o que fazer para aliviar sua dor e não tem a coragem de acompanhá-lo até o final. Às vezes é uma covardia necessária para ele, mas muito triste para os enfermos, que sabem que estão em fase final e não têm ao seu lado o médico no qual depositaram confiança a vida inteira.
Muitos indivíduos se acovardam quando vão envelhecendo e ficam revoltados quando veem que a pele está ficando cada vez mais flácida, os sistemas e aparelhos funcionando cada vez pior, perdendo a força muscular, não podendo mais percorrer a pé as distâncias que, antes eram tão fáceis de serem percorridas, têm dores aqui e ali e têm dificuldade de mover articulações, se entregando à velhice. É quando realmente estão velhos!
Vá à luta. Procure auxilio da medicina, ouça os conselhos e orientações de seus médicos.
A não ser que encontrem um profissional que lhe diga: “O que mais está querendo da vida? Você tem setenta anos e a idade média de vida está ao redor de 65 anos ...” Então se afastem desse médico e procurem outro que dê maior valor a vida, que não seja pessimista e que lhe desperte a capacidade de continuar lutando.
(*) médica geriatra e escritora,
colaboradora de jornais e revista
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