Varejo friburguense registra queda de 2% nas vendas de Natal

Redução da renda, restrições ao crédito e desemprego são alguns dos fatores que contribuíram para o desempenho negativo
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
por Dayane Emrich
(Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
(Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)

A data que é considerada a melhor para o varejo — o Natal —, este ano surpreendeu, de forma negativa, até os mais pessimistas. Em um cenário de crise econômica, os números mostram que os brasileiros não abriram as carteiras: seguraram os impulsos, diminuíram as listas de presentes e decidiram não se endividar com as compras de fim de ano.

Em Nova Friburgo, apesar do aumento do movimento nas lojas da cidade, especialmente na semana que antecedeu o dia 25 de dezembro, as vendas encolheram em relação ao mesmo período do ano passado. Dados divulgados pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) apontam uma retração de 2% no varejo. “Foi, com certeza, o nosso pior ano, desde que abrimos a loja, há oito anos”, disse o dono de um comércio de roupas, no centro da cidade. 

Regina Vogas, proprietária de uma loja de artigos variados, também não escondeu a decepção. “Apesar de ter sido um ano complicado para o setor, tínhamos esperança de uma melhora no Natal. A expectativa era de um aumento de 10%, o que não aconteceu”, disse.

De acordo com o presidente da CDL de Nova Friburgo, Braulio Rezende, apesar do resultado negativo, o desempenho do setor surpreendeu. “Num ano bastante instável para a economia, alguns ramos do comércio chegaram a amargar 15% de redução no movimento. Diante da grave crise econômica, dos índices crescentes de desemprego, das altas taxas de juros, até que não tivemos um Natal tão complicado quanto imaginávamos. Principalmente se contarmos que o Estado do Rio não pagou os salários de novembro, nem o décimo terceiro. Boa parte dos clientes do comércio, claro, é de funcionários públicos”, argumentou. 

Melhora em 2017

Faltando poucos dias para o início do próximo ano, a expectativa entre os comerciantes é de melhora nas vendas para 2017. “Acredito que vamos conseguir respirar. Mesmo que a recuperação seja lenta, o próximo ano será melhor e já estamos pensando em estratégias para atrair o consumidor”, disse Regina.

Para Braulio Rezende,  2017 pode não ser tão ruim. “Ainda não estamos sentindo a recuperação da economia, mas sabemos que existe um trabalho para colocá-la nos trilhos. Os juros devem cair, e torcemos pela geração de novos empregos para dar uma injeção de ânimo no mercado e as empresas voltarem a contratar. Perto do que vivemos em dezembro de 2015, quando a desesperança era diretamente proporcional ao tamanho dos escândalos políticos que mexeram com a quase inabalável fé do povo brasileiro por dias melhores, agora estamos um pouco mais confiantes. Falta o governo federal parar de gastar mais do que arrecada e o governo do Rio equilibrar receitas e despesas”, afirmou. 

Dados nacionais

De acordo com dados do Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), as vendas do comércio na semana entre os dias 18 e 24 de dezembro, na véspera de Natal, caíram 4,8%, em comparação ao mesmo período de 2015. 

Outra pesquisa divulgada no início desta semana também chamou atenção. Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping Centers (Alshop), a partir de um levantamento com 150 shoppings associados e mais de 7,5 mil lojas, houve uma retração de 3% nas vendas no setor neste Natal, que se soma à queda de 2,8% registrada na mesma data em 2015.

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TAGS: economia | comércio | Câmara de Dirigentes Lojistas
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