A diferença entre empresa familiar e não familiar não está só na força da emoção, mas também na ocupação diária das pessoas. Elas saem de casa para a empresa, da empresa vão para casa. São dois ambientes que absorvem praticamente todo o tempo das pessoas. Quando não estão nestes dois ambientes, volta e meia surgem assuntos ou fatos a eles ligados.
Numa empresa não familiar, os dois ambientes existem separados, há interligação só nos bastidores. Na empresa familiar a ligação é direta, constante, existe mistura quase total das vidas nos mesmos lugares. Humanamente impossível uma separação íntima de cada parente, ou seja, no trabalho não se toca em assunto doméstico e vice-versa. Teriam que ser máquinas com dois botões no coração: Família.Liga.Desliga / Empresa.Liga.Desliga.
Na empresa não familiar há soma, na familiar há multiplicação de encontros, sentimentos, pensamentos e metas. Nela, entra o segundo e fortíssimo aspecto: esta multiplicada mistura é temperada por ingredientes que geram oscilantes ações e reações dentro do ser humano: afeto-dinheiro-poder-vaidade-profissão.
Nas cidades do interior e em certos setores, a mistura empresa-família ganha fermento.
As relações são muito mais estreitas e intensas nas cidades fora das regiões metropolitanas. Famílias se encontram (casa, trabalho, igreja, clube, bar, comércio, partidos etc), convivem há anos e anos.
Nos setores varejista e de autopostos, parentes se falam num corpo a corpo diário entre eles, equipes e clientes, sem distâncias ou divisórias, e ainda, com problemáticos períodos de falta de movimento... As relações ficam abertas, um entra no espaço do outro mesmo sem querer. Vale lembrar dos setores mais saudosistas, românticos, como supermercados e gráficas que, normalmente, nasceram de empreendedores intuitivos, de pouca formação educacional, com notáveis jornadas de muito suor e longos expedientes, que se apaixonaram pelo que criaram...
Empresa familiar tem inúmeras vantagens em cima dos concorrentes. Dos 300 grandes grupos brasileiros, 265 são familiares; entre pequenos e médios, 85%. O sucesso começa quando os parentes (titulares em especial) afirmam:
“Vamos dar um rumo nas relações familiares na nossa empresa!”
Enquanto não houver esta incisiva decisão, será perder tempo, dinheiro, aumentar conflitos e... ouvir aplausos dos concorrentes. A contratação de consultor especializado, praticada pela maioria das empresas familiares vitoriosas, será desperdício total. Por outro lado, se ocorrer a decisão de dar um rumo, titulares ganharão qualidade de vida e sucessores garantia de futuro. Com tempo, critério, deve-se elaborar programa de entrada para os novos e de saída para os dirigentes. Não é tarefa simples, daí, a importância do consultor para ajuste da gestão e das relações.
Um interessante paralelo para ilustrar a grave consequência da empresa familiar sem rumo:
Costuma-se falar que empresários fazem tamanho esforço para ganhar dinheiro que se esquecem da saúde. No futuro, doenças vão atrapalhar a boa condição financeira para gozar a vida e gastarão o dinheiro acumulado para pagar tratamentos de saúde...
Na empresa familiar, quando não se toma uma decisão a tempo, o dinheiro é malgasto (carros, imóveis, viagens, festas etc) e, lá na frente, a família terá que se desfazer de bens para pagar dívidas da empresa...
Tome novas decisões, e esta tem a ver com a saúde, o bolso e o coração de cada um.
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