A despesa com remédios atingiu o topo da lista de contas a pagar a cada mês. Faz tempo é tão importante quanto as contas de luz, alimentação, aluguel, condomínio. Só para citar as inadiáveis. É rotina mensal para a população de qualquer país, cuja despesa aumenta na medida em que as pessoas também vivem cada vez mais. Haja remédio, haja dinheiro!
Para os que integram a faixa da terceira idade, então, é comum a medicação de uso contínuo. Daí a despesa fixa. É remédio para pressão alta, colesterol, tireóide, diabetes, osteoporose, entre outras. Fora problemas pontuais, aqueles causados por gripes ou infecções. É quando entram em cena os analgésicos, descongestionantes, antibióticos, antigripais, enfim, os mais procurados para tratar tantas mazelas. Resumindo, os idosos são os mais afetados pelos preços dessa lista e, consequentemente o grupo que mais deixa dinheiro nas farmácias. Nenhum grupo de outra faixa etária sabe tanto quanto este o peso que tal despesa representa no orçamento. E são eles, os idosos que cada vez mais engrossam o clube dos que não podem deixar de pesquisar.
Pensando nesse segmento, a reportagem de A Voz da Serra saiu em campo para pesquisar preços. Fomos a oito farmácias, localizadas desde o entorno da Praça Getúlio Vargas até a Avenida Alberto Braune -, e constatamos variações significativas nos preços de um mesmo medicamento, que chegou a um discrepante 150%. O levantamento destacou 16 itens, tanto de marca quanto genérico, de fabricantes diversos. Dentre os produtos pesquisados, a maior variação foi detectada no Atorvastatina 10: o menor preço - R$ 19,90 e o maior - R$ 49,90. Dono da supracitada discrepância. E a de menor variação ficou com o Depakene, entre R$ 43,70 e R$ 52,50. Ambos, de uso contínuo. Vale reiterar que neste levantamento não foi considerado o fabricante. Portanto, cabe ao consumidor pesquisar a variação de preço também de acordo com esse dado.
Haja pernas, tempo e... resignação!
O Bromazepam 10, caixa 30 comp., genérico do Lexotan, por exemplo, pode ser adquirido por R$ 9,22, ou R$ 18,81, dependendo da farmácia e ressaltando, do fabricante. E poderá ser encontrado ainda com os seguintes preços: R$ 10,90; R$ 11,55; R$ 13,79; R$ 15, 09; R$ 16,45, o que resulta numa diferença percentual de 104,0%.
Já o analgésico e antitérmico Dipirona, para tratamento de dores e febre, tem a segunda maior variação: 124,74%. A média é de R$ 2,93, sendo o preço mais baixo R$ 1,90 e o mais alto R$ 4,27. Em termos de variação perde apenas para o Atorvastatina 10 (cx.30), para controle do colesterol, que está em primeiro lugar na diferença percentual de preço: 150,8%. Pode ser encontrado por R$ 19,90 até R$ 49,90. Haja pernas também. Sempre lembrando as diferenças entre um laboratório e outro.
O descongestionante Neosoro, que em pesquisa feita por nossa equipe em junho de 2015 apontava para uma diferença percentual de 82%, agora subiu para 104,7%, ficando em terceiro no presente ranking de desigualdade entre valores. Varia entre R$ 2,99 e R$ 6,12.
Uma situação que vem se repetindo cada vez com mais frequência é a redução na quantidade de unidades que cada receita permite que o paciente adquira nas farmácias. Um medicamento tarja preta ou sob controle pelo qual seja necessário algum tipo de receita, geralmente dá direito a três unidades. Mas, há quem leve apenas um ou no máximo dois, em vista do custo total. Se o valor total da receita chega a R$ 150, muitos acabam por abrir mão de um ou dois frascos (ou seja lá o que for), levando apenas um. Ou, no máximo, dois.
Para uma família de três pessoas, pais e um filho, na atual conjuntura econômica, é um privilégio conseguir inserir o custo de meia dúzia de remédios no orçamento. É o caso dos Fernandes: Elisa, o marido Maurício e o filho Miguel. Todos tomam remédio de uso contínuo, como Puran T, Atorvastatina (genérico), Bromazepan (genérico), Depakene, Losartana (genérico, recebe de graça na Farmácia Brasil), e o Alegra, para eventuais surtos de urticária, cada vez mais frequentes. “Esses surtos acontecem quando entro em estado de aflição”, conta Elisa, rindo de si mesma. “Tenho uma coisa chamada dermografismo, e alergia a picada de mosquito. Como se não bastasse, há dois anos passei a ter surtos de urticária”, daí o Alegra da Elisa.
CMED convoca audiência pública para discutir tributação sobre medicamentos
Na próxima, quarta-feira, dia 2, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) vai promover audiência pública no auditório da Anvisa, das 14h às 18h. O objetivo é ouvir a sociedade, especialistas e setor regulado sobre a proposta que trata da regulamentação da desoneração do PIS/Pasep e da Cofins que incidem sobre medicamentos e da atualização dos fatores de conversão de preços, considerando as novas alíquotas do ICMS em alguns estados da Federação.
Na audiência haverá um debate público e presencial. Os participantes podem também deixar suas contribuições em um formulário específico. Nesta reunião, a SCMED pretende recolher subsídios, informações e conhecimentos que possam auxiliar no processo decisório do Comitê Técnico-Executivo da CMED, além de propiciar aos interessados a possibilidade de esclarecer ou reforçar suas opiniões e sugestões.
A audiência será uma oportunidade para identificar, de forma transparente, todos os aspectos relevantes que dizem respeito aos assuntos em discussão e conferir legitimidade à regulamentação da CMED, que tem a competência legal de assegurar o efetivo repasse de qualquer alteração da carga tributária aos preços dos medicamentos.
Anvisa
Uma boa dica para os clientes é ficar atendo ao chamado Preço Máximo ao Consumidor (PMC), estabelecido pelo governo. A tabela com os valores é atualizada mensalmente e contém dados como o preço do fabricante — que se refere ao teto de preço pelo qual um laboratório ou distribuidor de medicamentos pode comercializar no mercado brasileiro um medicamento que produz — e o PCM a ser praticado pelo comércio varejista. A tabela é publicada no site da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
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