Apesar de o governo federal ter garantido que não iria faltar vacina contra o vírus influenza, causador da gripe H1N1, para os grupos prioritários, o insumo acabou antes do término da campanha nacional em várias unidades de saúde de Nova Friburgo. No posto Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, por exemplo, o estoque já se esgotou, surpreendendo muitos idosos e pais que deixaram para imunizar os filhos na reta final da campanha, que começou em 25 de abril e termina nesta sexta-feira, 20.
A redação de A VOZ DA SERRA recebeu diversas queixas sobre o problema, que vem preocupando idosos, pais de crianças pequenas e doentes crônicos. “Não consegui tomar a vacina, mesmo apresentando encaminhamento médico comprovando minha necessidade. Tenho bronquite, asma e estou preocupada. Vi outro dia no jornal, que 29 pessoas já morreram no estado do Rio por causa dessa gripe e preciso me prevenir. Estive no posto do Suspiro na quarta-feira, 18, e disseram que só tinha vacina para os bebês. Fiquei pasma com a notícia e vi muita gente que também foi se vacinar reclamando”, afirma a universitária, Thaís Sampaio.
A equipe de reportagem do jornal esteve na manhã de quinta-feira, 19, no posto Sylvio Henrique Braune e constatou a falta da vacina. Um cartaz afixado logo na recepção da unidade, informa à população sobre o desabastecimento. “Deixei para vir no final para evitar tumulto e levei um susto quando me disseram que a vacina acabou. A campanha vai até amanhã, 20, e temos o direito de nos vacinar”, disse Maria Helena Santiago, de 65 anos. Próximo a ela, um idoso de 83 anos que preferiu não se identificar também se queixava. “Isso é uma vergonha. Vim até aqui à toa”, disse ele, que é morador do Bairro Ypu.
Município ultrapassou a meta
Segundo Ricardo Fazoli, da Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica do município, este ano foram enviadas 50.300 doses da vacina contra o vírus influenza, quantidade que superou a expectativa inicial. “Com base em campanhas anteriores, nossa previsão era de 47 mil doses estimadas para Nova Friburgo e recebemos um estoque maior. O insumo é federal, não é comprado pelo município, que recebe as doses através de repasse do estado. Estamos entrando em contato com a Central de Imunização do estado para tentar a liberação de doses extras”, explicou ele.
Fazoli destacou que até o último levantamento feito pela subsecretaria, a campanha já havia batido a meta de 80% de imunização estipulada pelo Ministério da Saúde e alcançado um índice de 86% do público alvo, formado principalmente por maiores de 60 anos, crianças até 5 anos, trabalhadores de saúde, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto) e portadores de doenças crônicas. “A procura pela vacina foi maior este ano e estamos totalizando os dados de todas as unidades de saúde do município para fechar o quantitativo. Acredito que a falta do insumo em alguns postos pode ter sido causada pelo atendimento a pessoas que não residem em Friburgo e costumam passear ou frequentar a cidade”, avaliou ele.
Estoque esgotado também na rede particular
Além do intenso movimento registrado nas unidades de saúde do município, o medo de contrair o vírus H1N1 — que até o início desta semana já causou 29 mortes no estado — provocou uma corrida à rede particular, onde os estoques da vacina contra a gripe também estão esgotados. É o caso da Prophilaxis Clínica de Vacinação, que possui unidades em várias capitais e municípios do país, inclusive Nova Friburgo, onde a vacina está em falta desde abril e sem previsão de novas remessas, conforme apurado pela equipe de reportagem.
A tradicional Drogaria Globo também recebeu doses da vacina que se esgotaram em tempo recorde. “Recebemos 50 doses no início deste mês que acabaram em menos de dois dias. Muita gente continua procurando e tentamos encomendar uma nova remessa mas não foi possível”, informou um balconista. Além da vacina, especialistas em saúde destacam que é importante reforçar os cuidados de prevenção para evitar o contágio pelo vírus da temida gripe. Entre as principais medidas recomendadas estão lavar frequentemente as mãos, evitar locais com aglomeração de pessoas que facilitem a transmissão de doenças respiratórias, não compartilhar objetos de uso pessoal, manter os ambientes ventilados e evitar contato com pessoas com sintomas da gripe.
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