Nesta entrevista exclusiva para A VOZ DA SERRA, o urologista Rodrigo Barros, niteroiense radicado em Friburgo há dez anos, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e doutor em Medicina pela Uerj, fala sobre saúde masculina, a importância da campanha Novembro Azul e o preconceito em torno do exame de toque retal, que ele faz questão de desmistificar: “É um exame que dura segundos, é praticamente indolor e não afeta a masculinidade”, afirma. Segundo ele, que atende tanto em consultório particular quanto pelo SUS, 20% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados somente através do toque retal, mesmo com o PSA normal - daí a importância do exame físico.
A VOZ DA SERRA: Clinicando tanto na rede particular quanto na pública, que diferenças observa nos pacientes, em relação à prevenção do câncer de próstata? Há mais preconceito, timidez, ou até uma preocupação maior, na rede privada ou no SUS?
Rodrigo Barros: Tenho a percepção de que o preconceito masculino existe independente de classe sócio-econômica. Uma pesquisa recente realizada pela revista Saúde e o Instituto Lado a Lado pela Vida, com 2.405 homens, mostrou que 59% deles não costumam ir ao urologista. Entre os maiores de 50 anos atendidos pela rede privada ou planos de saúde, 89% disseram já ter feito o PSA e 65%, o exame de toque. Entre os atendidos pelo SUS, 45% nunca foram submetidos ao toque retal e 16% não fizeram o exame de PSA. Portanto, como podemos perceber, os homens temem e evitam e o toque retal. No sistema público ainda existe o agravante da dificuldade de acesso ao atendimento com o urologista.
O que o senhor diz a um paciente para superar o medo ou a vergonha de fazer um exame de toque? Qual o argumento final?
Costumo dizer aos meus pacientes que o toque retal é um exame rápido, que dura segundos, é praticamente indolor e não afeta a masculinidade. Ele deve ser realizado porque o antígeno prostático específico (PSA) não deve ser realizado sozinho, uma vez que aproximadamente 20% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados através do toque retal, mesmo com o PSA normal.
Pela sua experiência, tumores costumam ser detectados em qual estágio de desenvolvimento?
A maioria dos cânceres de próstata é diagnosticada em fase inicial, no momento do rastreamento da doença através de alteração do PSA ou durante o exame de toque retal.
Os homens friburguenses em geral cuidam bem da saúde?
Difícil fazer uma análise exclusiva dos homens friburguenses. O que posso dizer é que tenho cada vez mais pacientes, tanto no meu consultório particular como no ambulatório do Hospital Raul Sertã, que têm um cuidado grande com a saúde, realizando exames periodicamente ao longo de muitos anos.
Na sua opinião, campanhas como a do Novembro Azul são realmente eficazes, fazem as pessoas realmente se conscientizarem mais?
Sem dúvida as campanhas são eficazes. Percebo uma procura maior dos homens por atendimento médico para a prevenção do câncer de próstata no mês de novembro. A campanha do Novembro Azul conscientiza e faz com que um número cada vez maior de homens quebre o tabu e procure o urologista.
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