A MORTE DA vereadora Marielle Franco (Psol), a quinta mais votada no pleito de 2016, fuzilada em pleno centro da cidade do Rio de Janeiro, proporcionou manifestações nas ruas e nas redes sociais, além de farta cobertura na mídia.
O CASO mexeu com o brasileiro. Provocou um misto de indignação e medo; gerou percepção coletiva de que a insegurança está recrudescendo, subindo de patamar. E não é para menos. Os investigadores cercam as apurações de sigilo. Mas, até agora, a principal linha de investigação apontava o envolvimento de policiais e milicianos. Não se achou motivação financeira para a execução da vereadora.
E SOBRAM razões de outra natureza: ela investiu contra um batalhão da PM por causa da morte de um jovem e enfrentava uma enorme carga de preconceito por sua condição de mulher, negra e homossexual. Tudo indica um crime profissional. E de ódio, muito ódio, do tamanho de uma rajada de nove balas.
MARIELLE buscava cumprir a tarefa básica de uma agente política: levar ao Estado a visão que uma parte do povo tem de seus atos. Seu assassinato, assim, parece ter sido direcionado para o rompimento dessa conexão tão importante, entre o Estado e a sociedade, que se pode chamar de “democracia”.
POR QUE a vereadora assassinada é a pergunta que toda a sociedade se faz – e continuará fazendo enquanto o crime não for solucionado. Seus inimigos poderiam estar em muitos lugares: na polícia, no crime organizado, na política, quem vai saber? Seus assassinos podem ter querido dizer às autoridades quem é que realmente manda no território do Rio de Janeiro, atualmente sob intervenção federal na segurança.
A NAÇÃO, o Estado e o governo estão sendo desafiados e precisam dar uma resposta à altura, não só aos criminosos, mas a milhões de brasileiros, cuja voz foi despertada quando a de Marielle foi calada pela violência.
A esta altura, não adianta ser contra ou a favor da intervenção. Se esta fracassar, a sociedade estará perdida. É preciso que o governo faça valer sua autoridade. Agora.
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