Henrique Amorim
Até o mês que vem deverão ser concluídas as obras de restauração do casarão da Oficina-Escola de Artes de Nova Friburgo, que no passado fora residência do Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto. O imóvel, na Praça Getúlio Vargas 71, também já sediou a Câmara dos Vereadores e a Biblioteca Pública Municipal e há 11 anos abriga a Oficina-Escola, um projeto social coordenado pela Prefeitura, que oferece gratuitamente cursos de artes, música, dança e teatro a mais de 700 crianças, adolescentes e jovens alunos da rede pública ou bolsistas de escolas particulares.
A tão esperada reforma do prédio centenário é resultado de um convênio firmado ano passado entre a Associação de Pais e Amigos da Oficina-Escola de Artes e a Fundação Banco do Brasil, através de uma edição extra do projeto Voluntários BB, voltada exclusivamente para beneficiar ações sociais diretamente afetadas pela tragédia das chuvas na serra em janeiro de 2011. A iniciativa garantiu a liberação de R$ 91,5 mil para a reforma da Oficina-Escola atingida pela enchente do Rio Bengalas. Do total, R$ 80 mil estão sendo investidos na restauração do telhado, condutores de águas pluviais, substituição de vidros e janelas, esquadrias de madeira, rebocos externos e reparos nas calhas. Os R$ 11,5 mil restantes serão utilizados na aquisição de aparelhos de som com caixa e microfone, computadores, impressora, materiais para aulas de desenho, instrumentos musicais e de cordas beneficiando os alunos.
“Esses equipamentos são indispensáveis para o bom andamento das aulas. Com os cursos de artes evitamos que muitas crianças e jovens fiquem nas ruas antes ou após a escola”, diz a presidente da Associação de Pais e Amigos da Oficina-Escola, Josélia Teixeira de Souza. A obra no prédio beneficia diretamente os alunos, muitos deles matriculados em até três cursos diferentes.
“Os reparos no telhado já evitam que em dias de chuva as aulas de jazz, dança espanhola e balé sejam prejudicadas por goteiras na sala. Depois das obras conseguidas pela parceria da Associação de Pais e Amigos da Oficina-Escola e a Fundação BB, vamos lutar por mais parcerias para reformarmos todo o interior do prédio e a descupinização do piso, portas, janelas, portais e forros de madeira. Isso oferecerá mais conforto aos alunos, professores e pais de alunos que também são beneficiados com cursos de artesanato grátis enquanto esperam os filhos terminarem as aulas”, diz a diretora da Oficina-Escola, Mariane Canella.
Embora recente no cargo, ela acompanha o projeto social desde sua criação e orgulha-se pela Oficina-Escola de Nova Friburgo ser considerada pelos membros da arte-cultura local como um celeiro de jovens talentos. “Nossa proposta não é só formarmos artistas, mas valorizarmos a cidadania e aptidão de cada um dos nossos alunos. Se o jovem quer fazer curso de teatro, por que não incentivá-lo à dança, que o ajudará numa melhor expressão corporal, e por que não também incentivar esse aluno a fazer o curso de canto, para aperfeiçoar sua voz e a interpretação. Tudo isso aqui mesmo e de graça”, valoriza a diretora.
E Mariane Canella tem razão. Ex-alunos da Oficina-Escola se destacam hoje nas artes. O ex-aluno de dança Cosme Silva atualmente tem uma companhia que capacita dançarinos e se apresenta em festivais e concursos em vários municípios do estado. Outro exemplo é o também ex-aluno do curso de desenho, Diego Schott, que está em cartaz até o fim do mês no Centro de Arte de Nova Friburgo com sua segunda exposição, “Artes Populares” que impressiona com o realismo de suas pinturas.
Diariamente em dois turnos e em alguns dias da semana também com aulas à noite, os alunos da Oficina-Escola se capacitam em cursos de artesanato com especialização em fuxicos (utilização de retalhos para decorações), cestaria, cerâmica e aproveitamento de materiais, violão, teclado, flauta doce e transversa, trompete, trombone e sax, canto coral, arte circense, teatro, dança espanhola, jazz e balé.
Programa Voluntários BB já ajudou cinco outros projetos sociais friburguenses a se reerguerem no pós-tragédia
Através do programa Voluntários BB, a Fundação Banco do Brasil já beneficiou outros projetos sociais do município a retomarem suas atividades após as chuvas de 2011. Além da Oficina-Escola de Artes foram disponibilizados R$ 97,3 mil para a restauração da antiga estação ferroviária de Riograndina, onde funciona o atual Ponto de Cultura do distrito com cursos gratuitos de artes e inclusão social voltados à comunidade carente.
A Fundação BB também repassou recursos de aproximadamente R$ 61 mil à associação assistencial Casa Madre Roselli, R$ 98 mil à Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando (Afape), R$ 86 mil à Associação Crianças Vale de Luz e ainda R$ 97 mil para a aquisição de instrumentos para a banda sinfônica Euterpe Friburguense. Todas essas entidades foram afetadas por enchentes no 12 de janeiro do ano passado.
Nos últimos sete anos a Fundação BB liberou mais de R$ 13 milhões para apoios a mais de 200 projetos sociais que geram renda, trabalho e capacitação profissional a comunidades. No ano passado com a tragédia na Região Serrana fluminense, o programa Voluntários BB ganhou uma edição extra com a liberação de recursos emergenciais para ações sociais diretamente atingidas pelas enchentes e deslizamentos de encostas.
Os recursos do Voluntários BB são exclusivamente direcionados para apoiar ações de desenvolvimento socioeconômico sustentável promovidas exclusivamente por instituições e entidades civis sem fins lucrativos que atendam à população de baixa renda.
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