Com quase 20 anos de experiência subindo o Morro do Teleférico e outras montanhas de Nova Friburgo, o servidor público, trilheiro e fotógrafo amador Antônio Varella registrou neste domingo, 15, imagens desoladoras de um dos mais belos cartões-postais da cidade. O verde que tanto combinava com o céu, não importa se azul ou com nuvens, deu lugar a tons de preto, marrom e cinza, um dia depois da queimada que durou quase 48 horas e devastou diferentes pontos da montanha, em todas as suas vertentes.
“Somente as árvores mais antigas, as maiores, resistiram. A vegetação rasteira foi totalmente calcinada, só restaram gravetos, tocas de tatu foram queimadas. Percebe-se agora que o solo está muito frágil, e suscetível à primeira grande chuva”, relatou Varella À VOZ DA SERRA.
Ele observou gaviões sobrevoando a área, mas não encontrou vestígios de animais queimados. A renovação natural da mata levará anos, sendo dificultada pela proliferação de samambaias oportunistas, que impedem o crescimento da vegetação nativa. Por isso, o ideal, segundo ele, seria um reflorestamento induzido.
Um detalhe chamou a atenção de Varella: no alto do morro, apenas o pequeno gramado em torno da Cruz não foi atingido pelo fogo. Algo semelhante aconteceu na queimada de sábado à noite na montanha que margeia as ruas Augusto Spinelli, José Namen e Cristina Ziéde: as chamas, que pareciam ameaçadoras, não chegaram à gruta da santa encravada na encosta - surpreendentemente também preservada nos deslizamentos da tragédia de 2011, quando três encostas do mesmo morro desabaram em diferentes pontos. VEJA AS FOTOS AQUI.
O incêndio jogou por terra o projeto ambiental Bombas Ecológicas, que arremessou sementes sobre a encosta do teleférico no início de junho. As mudas já estavam com quatro meses de vida.
Nas redes sociais de Friburgo, prospera a ideia de formação de brigadistas voluntários para atuar sob acionamento e comando do Corpo de Bombeiros. O comandante do 6º GBM, Fabio Gonçalves, vê com cautela a ideia. A insuficiência de equipamentos de proteção individuais (EPIs) adequados e a própria topografia de Nova Friburgo, que exige alto treinamento, torna a ideia muito arriscada. Ele não descarta, no entanto, a validade da ajuda de voluntários no quartel em tarefas menores, como enrolar mangueiras e entregar alimentos para os bombeiros, liberando assim o contingente de militares treinados para o combate ao fogo.
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