Sob o título O erro persiste, o editorial do jornal A Voz da Serra, de 29/04/2009 questiona o fato de até hoje o plenário da Câmara Municipal de Friburgo não se chamar Jean Bazet. Esta seria uma maneira justa de homenagear aquele que foi o seu presidente.
Jean Bazet nasceu na França, em 1792, na cidade de Nay próximo da fronteira com a Espanha. Chegou ao Brasil em 08 de fevereiro de 1820 e, como era médico, foi o primeiro a exercer a profissão na recém-fundada Villa de Nova Friburgo. Pararalelamente à medicina envolveu-se na política e foi presidente da câmara de vereadores em três períodos, de 03/02/1829 a 11/01/1833; de 16/01/1838 a 04/01/1845 e finalmente, de 20/01/1846 a 20/05/1849.
Sob a sua direção houve a transferência da câmara de um canto do velho Chateau, uma das primeiras sedes administrativas da vila, para o prédio da administração colonial, no centro; criou as primeiras comissões para organizarem e conduzirem os trabalhos da casa e saneou suas finanças; organizou as primeiras posturas municipais; abriu escolas; dividiu o município em distritos; construiu o novo caminho da serra; fez as primeiras retificações dos rios Santo Antonio e Bengalas; construiu novas pontes e organizou o primeiro posto policial. Foi um grande realizador e que fez muito pela Friburgo que, então, dava os seus primeiros passos.
Acontece que ele era médico e não político e, talvez, por não ter tido partido político, não ter distribuído privilégios e não ter feito politicagem como, aliás, faz menção o editorialista do A Voz da Serra, tenha sido lançado no limbo da história e não tenha sido lembrado pelos seus pares de hoje. Afinal, não fez escola, não deixou descendentes dignos da alcunha de políticos, portanto não tinha como ser espelhado num ambiente em que trabalho pelo próximo e exemplo de vida, hoje, passam ao largo.
Se Jean Bazet fosse candidato a vereador ou a prefeito da Nova Friburgo do século XXI, seria fragorosamente derrotado, pois lhe faltariam os pré-requisitos modernos para conseguir os votos necessários.
Há também que se considerar que Jean Bazet não era brasileiro, o que pode motivar uma certa indiferença para se prestar homenagens a um estrangeiro. Desde há muito que as origens suíças da cidade se desvaneceram nas brumas da história e muitos dos vereadores de hoje talvez nem conheçam os primórdios da fundação da cidade. Provavelmente, nos últimos 50 anos, só o atual prefeito no movimento iniciado por seu irmão Ariosto, tenha se preocupado em resgatar o passado de Nova Friburgo. Houve um inclusive que dizia, em tom de chacota, que os encontros com os suíços eram coisa de Heródoto.
Na última sexta feira, realizou-se o jantar de posse da nova diretoria da Associação Fribourg - Nova Friburgo, em que Jayme Jaccoud foi substituído, na presidência, por Roberto Wermellinger. Dentre as várias atribuições da nova diretoria está a preparação para a chegada de 210 suíços que visitarão Friburgo, em outubro e uma caravana que partirá para a Suíça ano que vem, para retribuir a visita de nossos irmãos helvéticos. Como Wermellinger já foi vereador em nossa Cidade e, certamente, tem muitos amigos naquela casa, talvez ele pudesse iniciar um movimento junto aos atuais edis no sentindo de prestar uma justa homenagem a Jean Bazet e resgatar uma injustiça que persiste até hoje.
Dr. Max Wolosker Neto, jornalista e médico
Email: woloskerm@gigalink.com.br
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