Uma “colcha de retalhos” socialmente responsável

São Pedro da Serra comemora 13 anos de espaço voltado para comércio justo
sexta-feira, 14 de junho de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Uma “colcha  de retalhos”  socialmente  responsável
Uma “colcha de retalhos” socialmente responsável

Com retalhos de pano

Fiz um painel

Com retalhos de vida

Nasci

Com retalhos de amor

Fiz uma vida

Com retalhos do velho

Nasceu o novo

Com retalhos de vontade

Construí um poema

("Retalhos”, Jorge Miguel Mayer)



Conhecido como patchwork, o trabalho com retalhos é uma técnica – ou arte, em muitos casos – de unir diversos pedaços de tecidos que resultará em peças coloridas e originais. Alguns anos após se mudar para Nova Friburgo, a jornalista carioca Zelma Gonçalves Mayer (foto) passou a usar esta técnica para desenvolver um trabalho em seu sítio, em São Pedro da Serra. Logo depois, surgiu a oportunidade de abrir uma loja no centro do distrito. Ao ler "A Senhora das Especiarias”, de Chitra Banerjee Divakaruni, viu surgir o caminho que esperava: além do patchwork, passou a vender produtos que ela acreditava, seguindo uma filosofia de responsabilidade social. Assim nasceu a Ecoarte.

 Já se vão 13 anos. Período em que se tornou referência no local, pela personalidade impressa no negócio. Os produtos comercializados são aqueles que ela gosta e acredita que se encaixam no chamado "comércio justo”. "Os CDs daqui são aqueles pouco comercializados, incluindo os de jongo, maracatu, samba de raiz, o caipira original. Fujo também dos livros que viram ‘best-seller’. Recebo artesanato de grupos formados a partir do conceito de responsabilidade social, como o das mulheres de Galdinópolis e de Tocantins”, conta Zelma, acrescentando que procura colocar sempre produtos que não agridam o meio ambiente. "É nisso que acredito”, sentencia.

O espaço promove ainda diversos eventos culturais, como folia de reis, saraus, lançamentos de livros, oficinas de reciclagem e de brinquedos, concursos e roda de poesias. É lá também que tem acontecido, nas tardes de domingo, o Sarau dos Sanfoneiros, que tem à frente o maestro Maurício Barreto que além de proporcionar mais um agradável encontro da população local e turista com a boa música, serve ainda como um exercício para os alunos da Oficina de Música Livre de Lumiar, sempre presentes.  

"Costurando” as possibilidades de tornar visível os valores da região e de outras localidades, Zelma vai formando uma verdadeira "colcha de retalhos” cultural e socialmente responsável que, como diz o historiador – e marido da jornalista – em "Retalhos”, tem o poder de promover transformações, reciclando o velho para dar origem ao novo. Os fragmentos, os retalhos, sendo cuidadosamente unidos para a construção de um todo.

 

 

 

 

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