Com retalhos de pano
Fiz um painel
Com retalhos de vida
Nasci
Com retalhos de amor
Fiz uma vida
Com retalhos do velho
Nasceu o novo
Com retalhos de vontade
Construí um poema
("Retalhos”, Jorge Miguel Mayer)
Conhecido como patchwork, o trabalho com retalhos é uma técnica – ou arte, em muitos casos – de unir diversos pedaços de tecidos que resultará em peças coloridas e originais. Alguns anos após se mudar para Nova Friburgo, a jornalista carioca Zelma Gonçalves Mayer (foto) passou a usar esta técnica para desenvolver um trabalho em seu sítio, em São Pedro da Serra. Logo depois, surgiu a oportunidade de abrir uma loja no centro do distrito. Ao ler "A Senhora das Especiarias”, de Chitra Banerjee Divakaruni, viu surgir o caminho que esperava: além do patchwork, passou a vender produtos que ela acreditava, seguindo uma filosofia de responsabilidade social. Assim nasceu a Ecoarte.
Já se vão 13 anos. Período em que se tornou referência no local, pela personalidade impressa no negócio. Os produtos comercializados são aqueles que ela gosta e acredita que se encaixam no chamado "comércio justo”. "Os CDs daqui são aqueles pouco comercializados, incluindo os de jongo, maracatu, samba de raiz, o caipira original. Fujo também dos livros que viram ‘best-seller’. Recebo artesanato de grupos formados a partir do conceito de responsabilidade social, como o das mulheres de Galdinópolis e de Tocantins”, conta Zelma, acrescentando que procura colocar sempre produtos que não agridam o meio ambiente. "É nisso que acredito”, sentencia.
O espaço promove ainda diversos eventos culturais, como folia de reis, saraus, lançamentos de livros, oficinas de reciclagem e de brinquedos, concursos e roda de poesias. É lá também que tem acontecido, nas tardes de domingo, o Sarau dos Sanfoneiros, que tem à frente o maestro Maurício Barreto que além de proporcionar mais um agradável encontro da população local e turista com a boa música, serve ainda como um exercício para os alunos da Oficina de Música Livre de Lumiar, sempre presentes.
"Costurando” as possibilidades de tornar visível os valores da região e de outras localidades, Zelma vai formando uma verdadeira "colcha de retalhos” cultural e socialmente responsável que, como diz o historiador – e marido da jornalista – em "Retalhos”, tem o poder de promover transformações, reciclando o velho para dar origem ao novo. Os fragmentos, os retalhos, sendo cuidadosamente unidos para a construção de um todo.
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