Alessandro Lo-Bianco / @AlessandroLB
Na década de 70, o cantor e compositor Dalto era vocalista da banda de rock “Os lobos”, grupo que deixou logo que decidiu estudar medicina. Dois anos após se formar, arriscou uma carreira solo gravando um compacto para gravadora Odeon.
O sucesso começou a aparecer em 1981, quando obteve os primeiros êxitos com as músicas “Bem-te-vi” e “Leão ferido”. Mas foi em 1982, atendendo a um pedido da gravadora, que ele lançaria o LP que mudaria sua vida: “Muito estranho”.
“Eles gostaram tanto da música que o LP ganhou o mesmo nome. Eu nunca tinha feito uma música da qual todo mundo tivesse gostado de cara. Isso me chamou muito a atenção porque já havia escrito mais de 500 músicas”, conta Dalto em sua casa em Piratininga.
A composição reflete um momento da vida do compositor. Foi feita quando o Brasil vivia uma fase efervescente na música e o cantor chegava tarde em casa, após os eventos musicais com os amigos.
“É a letra de um casal. Conta a história de um cara que sempre tomava uma dura da mulher ao chegar em casa. É uma letra em que ele explica que não tinha acontecido nada demais, que não era o que ela estava pensando”, esclarece Dalto.
Antes mesmo de fazer parte da trilha da novela “Sol de Verão”, a canção atingiu o primeiro lugar nas rádios e 1 milhão de cópias foram vendidas. Outras músicas do mesmo álbum, que mais tarde caíram no gosto popular, eram abafadas pelo estrondoso sucesso de “Muito estranho”.
“Aquilo virou uma febre. Quando me dei conta, estava em São Paulo escutando uma plateia de 250 mil pessoas me acompanhando. Foi uma das maiores emoções que senti na vida”, lembra o cantor.
O sucesso ganhou fama internacional. A pedido da Odeon, Dalto foi para Portugal, onde ficou assustado com a repercussão do seu trabalho.
“Foi o maior susto da minha carreira. Centenas de pessoas me aguardavam no aeroporto e corriam para falar comigo. Eu me senti o Roberto Carlos”, brinca.
Com a agenda cheia de shows, Dalto se dedica à produção do seu novo DVD, que em breve chegará às lojas. O estilo musical, ele explica, é o mesmo:
“Sou um roqueiro que faz acordes de bossa nova e ainda é romântico. Vou reunindo estas coisas e então misturo tudo dentro de nós”, diz, lembrando um verso de “Muito estranho”.
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