Textos: Amine Silvares / Flávia Namen / Juliana Scarini
Fotos: Leonardo Vellozo e Lúcio Cesar Pereira
As crianças de Nova Friburgo precisa de mais atenção no que se refere aos espaços públicos de lazer. Isto porque, a maioria dos parquinhos infantis da cidade está em péssimo estado de conservação e não oferece condições para uma diversão saudável e segura. A reportagem de A VOZ DA SERRA percorreu vários bairros da cidade para conferir as áreas destinadas à recreação da garotada e constatou a precariedade em que se encontram, com brinquedos quebrados e desgastados pela ação do tempo, além de sujeira e falta de pintura. Sem contar que no populoso distrito de Conselheiro Paulino, o parquinho infantil simplesmente não existe mais e virou coisa do passado. Confira nesta reportagem especial os principais problemas que prejudicam a diversão dos pequenos e que estão deixando pais e responsáveis preocupados e decepcionados com a falta de opções de recreação gratuita para seus filhos.
No Centro e na Chácara, poucos brinquedos e muita sujeira, má conservação e alguns riscos
No parquinho da Praça Getúlio Vargas, único espaço público do centro da cidade destinado ao lazer de crianças, os riscos são muitos. O escorrega está com uma emenda que pode rasgar a roupa ou mesmo machucar algum frequentador mirim que se sentar ali. Sem contar que os brinquedos estão com a pintura desgastada e a estrutura enferrujada. O local, que já foi um alegre ponto de encontro de crianças e seus responsáveis, tem registrado pouco movimento devido à falta de manutenção. “Ainda trago meu filho para brincar neste parque porque não sou sócia de nenhum clube e nem tenho dinheiro para levá-lo nas brinquedotecas dos shoppings. É a única opção de diversão que ele tem, mas fico atenta a tudo”, afirma a dona de casa Rosângela da Silva.
Outro problema que compromete a segurança da garotada que brinca no parquinho é a sujeira da areia que compõe o piso. Contaminada por urina e fezes de cães de rua que circulam no local, a areia também tem atraído muitos pombos, o que contribui para deixá-la ainda mais insalubre. Isso porque a ave pode transmitir doenças como a criptococose, que compromete o pulmão e o sistema nervoso central, além de alergias, micoses e até meningite e dermatites. “O parquinho transformou-se num local sujo e mal frequentado, que oferece riscos as nossas crianças”, disse a leitora Adriana Boy, em recente e-mail enviado ao jornal.
Situação semelhante pode ser encontrada no parquinho infantil da Chácara do Paraíso. Localizado na Praça Lino da Fonseca, o espaço está deixando a desejar no que se refere à diversão segura da garotada. Alguns brinquedos estão quebrados e enferrujados e as pichações estão por toda a parte, conferindo um aspecto de abandono ao local. Vale destacar que a falta de manutenção do parquinho contrasta com os equipamentos de ginástica para a terceira idade que foram instalados recentemente na praça. “As crianças da Chácara estão sem opção de diversão e podem até se machucar ao brincar no parquinho”, reclamou uma moradora que preferiu não se identificar.
Em Olaria e no Cônego, mães reclamam da falta de variedade de brinquedos
No Cônego, o parquinho da Praça de Sant’Ana tem apenas dois brinquedos, voltados apenas para uma faixa etária. O balanço não possui trava para crianças menores e uma das cadeirinhas está em desnível. O outro brinquedo precisa de grande manutenção. Algumas das barras de proteção estão desparafusadas e soltas, oferecendo risco para as crianças. A proteção, que já não era insuficiente, não existe mais dos lados. Além disso, as tábuas na parte debaixo do brinquedo estão soltas e faltam tábuas na escada, que parecem ter sido arrancadas.
Os moradores do bairro também pedem opções para adultos e crianças menores. “Poderia haver mais brinquedos e equipamentos de musculação”, solicitou Aldo Estevez, que trabalha no entorno da Praça.
Em Olaria, o grande espaço não é bem aproveitado e mesmo com quatro brinquedos, as mães reclamam da falta de variedade. Na Praça Primeiro de Maio, são dois balanços totalizando cinco cadeirinhas, um escorregador e duas gangorras. “Faltam brinquedos mais variados e manutenção”, reclamou a mãe Graziele Brust. Mesmo com bancos e lixeira, itens raros em outros parques, os brinquedos estão negligenciados, enferrujados e com a pintura descascando.
As mães entrevistadas reclamaram bastante da falta de proteção nos brinquedos e de alternativas para crianças menores. Vanessa de Souza, moradora do Cônego, afirmou que prefere ir a Olaria levar seu filho a deixá-lo brincar no parque de seu bairro. “Só quem é mãe sabe como faz falta. Antes da tragédia já era ruim. Faltam atividades voltadas para diferentes faixas etárias”, queixou-se.
Outra grande reclamação foi a falta de cobertura nos parquinhos. “Nos dias de chuva ou quando o sol bate forte, as crianças não podem brincar”, apontou Clarice Silva. As grades que cercam os brinquedos também não funcionam tão bem quanto deveriam. Com grandes espaçamentos, baixas demais ou muito acima do nível das praças, elas permitem que animais entrem e utilizem as areias, aumentando o risco de contaminação de doenças. Mesmo assim, muitos pais e responsáveis optam por levar seus filhos por não ter outras opções de divertimento gratuito para crianças na cidade.
Conselheiro Paulino e Cascatinha estão sem área de lazer para as crianças
Em Conselheiro Paulino, a falta de um parquinho para as crianças é motivo de queixa por parte dos moradores. Segundo o jornaleiro Samaroni da Silva, o parquinho faz muita falta no bairro. “Tenho uma filha de 1 ano e 7 meses e não tenho onde levá-la para brincar. Fico sem opção”, contou.
Já para o comerciante Gustavo Mozer Martins, as obras da Praça Lafayette Bravo, que ficaram em R$1,7 milhão, não trouxeram tantas melhorias para o espaço. “Falta parquinho aqui. A opção é levar no shopping, mas aí é muito caro. Saio tarde do trabalho, não dá para levar a criança no Centro”, ressaltou.
Pelo local, é comum encontrar crianças correndo e buscando alguma distração. Thaian Freiman, 11 anos, diz que sente falta de um parquinho na praça de Conselheiro. Ele conta que o bairro onde mora só tem estrada de chão e, junto com seus amigos, acaba indo brincar no local, mas, infelizmente, a única distração encontrada por ele são os aparelhos da academia ao ar livre, instalados pela Prefeitura recentemente.
No bairro Cascatinha a situação também não é diferente. Numa praça tão bonita, as crianças ficam sem ter onde brincar. O único espaço é um terreno de terra que tem uma tabela de basquete que, segundo moradores, crianças e jovens usam de vez em quando. “Nunca teve um parquinho aqui. Faz falta para as crianças, pois é um espaço inutilizado. O pessoal usa para jogar bola, mas tinha que ser um parque para as mães levarem as crianças”, destacou o morador Alberto Martins.
Já o comerciante Pedro Cunha afirma que há cerca de seis anos não tem mais parquinho no bairro e que faz falta os brinquedos para as crianças. “Tem gente que é contra, porque quando tinha o parquinho, sempre depredavam. Teve uma época em que os moradores queriam a construção de quadra poliesportiva, mas as pessoas que moram mais próximas do local foram contra por causa do barulho e do risco de bolas atingirem as casas”, destacou Pedro, lembrando que o espaço em que era o parquinho também é utilizado pelas crianças que gostam de soltar pipa.
Sobre a situação dos parquinhos, o secretário municipal de Obras, Clauber Domingues dos Santos, informa que não há projeto de revitalização dos mesmos. Segundo o secretário, o que tem sido feito são consertos dos brinquedos conforme a necessidade. Clauber cita que nesta semana foi consertado o escorrego do parquinho da Praça Getúlio Vargas. O secretário de Obras lamenta que os parquinhos têm sido danificados. Em Conselheiro Paulino até a academia ao ar livre, recentemente implantada, também foi alvo de vândalos. Ele apela à população que ajude a preservar e manter os brinquedos dos parquinhos do município.
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