Uma “Big” obra

segunda-feira, 07 de abril de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Uma “Big” obra
Uma “Big” obra

Vinicius Gastin

A 14ª edição do Big Brother Brasil chegou ao fim no dia primeiro de abril. Preferências à parte, o programa é sucesso na Rede Globo de televisão e registra índices de audiência que justificam a sua continuidade durante quase uma década e meia. Dentre as pessoas que trabalham praticamente 24 horas por dia para colocar a atração no ar está uma jornalista friburguense. Grasielle Bitencourt coordena uma equipe de 22 produtores de conteúdo, que acumulam a função de logger e pré-editor.

"Logo que um termina, o Bial anuncia que as inscrições estão abertas para o próximo e a equipe já começa a seleção. A gente trabalha dentro de uma unidade móvel, assistindo os diretores e registrando em tempo real. Eles não param de escrever! Todas as situações são descritas no sistema e começam a fazer parte de um banco de dados com a história do programa. Costumo brincar que essa equipe é o ‘coração’ do BBB, porque são os primeiros a reconhecer traços da personalidade dos brothers e detectar histórias”, conta.

Grasielle é uma das poucas integrantes que compõem a equipe do BBB desde a primeira edição. A experiência acumulada durante os anos credenciou a jornalista a escrever o livro "Pedro Bial: mensagem ao Brothers”. A coletânea reúne os textos lidos pelo apresentador nos dias de "paredão”, quando é anunciada a eliminação de um participante, e já está à venda (embora o lançamento oficial não tenha data prevista). De fato, o discurso de Bial é um dos momentos mais aguardados da atração, não só pela expectativa de conhecer o eliminado, como também para apreciar os sermões do âncora.

"Sempre conto a história do BBB argentino, onde o apresentador brincava a respeito de quem iria sair. Dizia que era um, ressaltava que era brincadeira na sequência. Eu resolvi valorizar o momento e escrever algo sobre ele. Até a edição sete os textos eram muito ligados aos participantes, mas é algo muito complicado. Não podemos falar muito, para não dar algum tipo de subsídio aos que vão continuar. Resolvi puxar para o lado da análise, até porque quem ouve o que estou falando e entende, neste caso, é o pessoal de casa. Os participantes estão tensos, nervosos. Por isso eu preferi mexer com eles e oferecer algo legal para os telespectadores. Ainda tem essa questão de que as pessoas já sabem mais ou menos quem vai sair”, comenta o jornalista, em entrevista exclusiva ao A VOZ DA SERRA.

 

"O livro abre caminho para novas obras”

A repercussão do Big Brother Brasil ao longo dos anos acompanhou a modernização de todo o processo de produção, edição e apuração dos resultados. Por isso, os sites especializados em entretenimento acompanham atentos os passos dos brothers, e através de enquetes e outros artifícios, publicam as especulações quase sempre certeiras sobre as eliminações e prováveis finalistas.

À frente do programa desde a primeira edição, o jornalista Pedro Bial percebeu a necessidade de oferecer algo mais do que apenas o resultado final das votações. Os textos caprichados — muitas vezes revestidos de suspense e mensagens intrínsecas — foram a alternativa para prender a atenção do público. 

"Nas primeiras edições, a gente tinha um acompanhamento mais distante da apuração. Nós não sabíamos quem seria o eliminado. Às vezes, a gente estava voltando para o ar e o Boninho (diretor) falava no meu ponto quem iria sair naquela hora. Aos poucos, nós nos sofisticamos e conseguimos ter os dados da apuração mais cedo. A edição de número cinco, por exemplo, foi muito intensa. Tudo isso favoreceu a preparação, porque é algo técnico. Os comerciais são escolhidos na hora exata para segurar a audiência e manter aquele suspense”, conta Bial.

A variedade de participantes direciona o tema dos textos a cada edição. Na sétima, por exemplo, o apresentador utilizou os minutos anteriores às eliminações para tentar mostrar as qualidades dos brothers. "Nesta edição, principalmente, os ‘vilões’ ficaram muito queimados. Então busquei uma espécie de absolvição, como fiz com o Alberto Cowboy. As pessoas já julgaram, criticaram e tudo mais. Elas se sentem no direito de execrar, dizer as piores coisas.”

Todo esse idealismo, baseado nas mais distintas situações passadas nas 14 edições, está reunido na obra assinada por Grasielle Bitencourt. "O livro foi ideia da editora, a Grasi, e fiquei envaidecido em saber que os textos são utilizados em eventos, batizados e outros. Sem falsa modéstia, este é um livro que abre caminho para outras obras. É algo divertido, leve e não é nada mais do que uma forma de dividir as inquietações, o jeito de olhar o público e mostrar que podemos aprender com tudo, inclusive com o Big Brother.”

 

Dúvidas sobre isenção chateiam apresentador

Consagrado no ramo da comunicação, Pedro Bial assumiu a missão de comandar o Big Brother Brasil em 2002. Desde então, o apresentador dedica os três primeiros meses de cada ano ao programa. "Eu encaro como se fosse um documentário de três meses. O jornalismo pega pessoas que estão sob um holofote no momento, com toda a sua superficialidade e agilidade. No caso do BBB, as pessoas estão trancadas vivendo as experiências proporcionadas por um jogo. É um documentário em profundidade sobre elas. Muitas vezes apareceram temas relevantes das ruas e tratamos com naturalidade e senso de humor. A gente faz com muita paixão, tem uma equipe muito séria e que adora o que faz. A única coisa que me deixa chateado é quando levantam alguma questão sobre a nossa isenção. Há 14 anos, o programa canaliza praticamente todas as verbas comerciais nos três primeiros meses.”

Sobre a continuidade do Big Brother Brasil em 2015, Bial brinca. "Tenho que confirmar com a chefia.” Entretanto, demonstra confiança, respaldado pelo sucesso que se sobrepõe às críticas e desconfianças. "Acredito que teremos a edição 15. Vamos abrir as inscrições em breve.”





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