Uma alternativa para favelização: os ricos vão querer?

terça-feira, 15 de novembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

O fracasso da política habitacional do Brasil se deve à curta visão dos que sempre agiram de acordo com as regras rígidas de suas ideologias. Anos de paternalismo impediram o país de oferecer uma política democrática de assentamento urbano e financiamento de imóveis para pessoas de baixa renda. Por essa e outras, o drama das favelas sempre foi uma tragédia anunciada.

As grandes metrópoles do país cresceram de forma desordenada e exibem hoje um dramático quadro de desordem e insegurança. A solução seria viável se há tempos houvesse maior boa vontade por parte dos governadores e prefeitos? Dentre muitas opções pensadas pela equipe e amigos da Revista Percepção, prevaleceu uma utópica parceria do governo com as construtoras e fabricantes nacionais de material de construção. Para cada projeto residencial de luxo ou comercial ou industrial aprovado pelas prefeituras, as construtoras repassavam uma parte para reurbanizar habitações localizadas em favelas, no total de 30% de metragem do projeto. Ou seja, se o projeto para construir 20 apartamentos de luxo totalizasse seis mil metros quadrados, a construtora destina para a construção e urbanização em favelas o equivalente a 1.800 metros quadrados de obras, o que compreenderia cerca de 40 moradias.

Os dados do IBGE analisados pela Revista indicam que o projeto seria viável pela renda da população rica. Por quê? Se as construtoras embutissem essa despesa de 30% no custo total do empreendimento de luxo, esse acréscimo seria irrisório para o poder aquisitivo de quem se disponibiliza a pagar um imóvel nesse valor. As construtoras com isso teriam abatido seus impostos como incentivo. Resumindo, os ricos pagariam um pouco mais pelos seus imóveis, ajudando a harmonizar a moradia dos menos favorecidos. Isso melhoraria, valorizaria e traria mais segurança aos bairros próximos aos seus. Apesar da boa vontade da população que não hesitaria em oferecer a mão de obra local, reduzindo custos, a boa vontade que fica mesmo a desejar é a dos políticos, já que os mesmos precisam dessas favelas e bairros carentes para fazer seu curral eleitoral em suas sórdidas campanhas.

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