Um sábado histórico: a passagem da tocha por Nova Friburgo

Um bom público acompanhou o revezamento. Também houve protestos
segunda-feira, 01 de agosto de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Tocha na Praça do Suspiro (Foto: Márcio Madeira)
Tocha na Praça do Suspiro (Foto: Márcio Madeira)

Pontualmente às 15h30 do último sábado, 30 de julho, a estudante Thayssane Rocha Silveira, aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Eduardo Breder, de Campo do Coelho, deu início ao revezamento da tocha olímpica em Nova Friburgo. A aluna foi selecionada após vencer um concurso de redação promovido pelo Ministério da Educação, e entregou a chama de Olímpica ao atleta Mário Mello, hexacampeão mundial de futebol para amputados e primeiro dos 61 condutores designados para cobrir os 12,5 quilômetros do itinerário que percorreu grande parte do perímetro urbano friburguense.

“Foi muito lindo receber a tocha. Estou muito feliz e emocionada por ter feito parte deste momento tão importante para nossa cidade”, afirmou Thayssane, no marco inicial do evento, na Ponte da Saudade. No mesmo local, o principal símbolo olímpico havia sido recepcionado pela Banda de Tambores do Colégio Municipal Odette Pena Muniz.

Outro momento de grande interesse se deu quando da passagem da chama pela Avenida Alberto Braune, em frente à Prefeitura. Indicado por grande número de friburguenses para ser um dos condutores, o ex-jogador de futebol Miguel Ruiz, 92 anos, foi ovacionado num dos momentos de maior emoção do evento. Passos firmes e sorriso de criança, sob aplausos e gritos de apoio de todos os presentes.

O local mais emblemático do percurso, no entanto, não poderia ser outro que não a Praça do Suspiro. Desde as primeiras horas da tarde, centenas de pessoas já se reuniam para receber a tocha, transportada em momento de grande simbolismo ao longo do teleférico pelo empresário Gilberto Sader, visivelmente emocionado, ao som da clássica “A Vida do Viajante”, de Luiz Gonzaga, que se tornou uma espécie de hino não oficial do revezamento em terras brasileiras.

Antes de ser entregue às mãos de Flávio Chagas para seguir pela Avenida Galdino do Valle Filho rumo ao seu destino final, na Via Expressa, o símbolo da união dos povos foi saudado por representações das colônias, e também pela capoeira do Mestre Leonardo, pelo Grupo de Dança da Terceira Idade, e pelas bandas do Colégio das Mercês e Real Euterpe Friburguense. O prefeito Rogério Cabral estava entre a população, acompanhado de diversos vereadores e secretários municipais.

Já no início da noite, a chama iluminou as alamedas do Nova Friburgo Country Clube, rendendo imagens de rara beleza, e momento de muita celebração. Um dos condutores nessa fase do percurso foi o empresário Tony Ventura, praticante e patrocinador de esportes há mais de meio século.

Por fim, livre de ocorrências e praticamente sem atraso, o professor de jiu-jítsu, Anderson Cordoeira encerrou o revezamento da tocha olímpica por Nova Friburgo, ao acender a pira de celebração na Via Expressa às 18h15. O comboio permaneceu na cidade até seguir para Cordeiro nas primeiras horas de domingo, 31 de julho.

Manifestantes reclamam dos gastos na Olimpíada

Enquanto o público acompanhava o revezamento da tocha olímpica em Nova Friburgo, na tarde do último sábado, um grupo realizou um protesto contra os gastos na Olimpíada. Em meio a grave crise que afeta o estado, cerca de 20 manifestantes se reuniram em frente à Prefeitura com faixas e cartazes cobrando investimentos em saúde e educação. O grupo fez duras críticas aos governos municipal, estadual e federal, e carregou pela Avenida Alberto Braune cartazes e faixas, em português e inglês, com as mensagens “Olimpíada para quem?”, “Da tocha eu abro mão, quero dinheiro para saúde e educação”, Me chama de Olimpíada e investe em mim” e “Fora, Temer!” 

Um grupo de cinco alunos do campus Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em Nova Friburgo, também participou do ato alertando para o fato de a instituição estar há quase cinco meses em greve por causa da crise. “Entrei na faculdade em fevereiro e até hoje não tive aula. O corte de verbas deixou a universidade em situação precária, com atraso dos salários dos professores e técnicos, além dos funcionários terceirizados. Estamos protestando porque o estado não tem compromisso com a educação”, disse o estudante de engenharia da computação, João Victor Barreto.  

O protesto foi pacífico e não interrompeu o passagem da tocha pela cidade. Os manifestantes encerraram o ato em meio ao público que assistia a descida da chama pelo teleférico na Praça do Suspiro.

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