Dirmar de Cayreit (*)
Ignoro se foi em tom de galhofa ou de ridicularização a proposta do procurador da República em Mato Grosso do Sul, Sr. Ramiro Rockenbach, em ação civil pública ajuizada esta semana na Justiça Federal.
O categorizado servidor sugere uma penitenciária federal apenas para os corruptos da vida nacional, notadamente os que atuam no Serviço Público desde modestos chefes de sessão até engravatados membros da equipe presidencial com gabinetes na Esplanada dos Ministérios em Brasília. E avalia que haveria um valor simbólico para a sociedade saber que os autores de “malfeitos” estariam segregados em setor especialmente dedicado a corruptos e que a simples indicação do lugar da detenção já identificaria o preso como um “colarinho branco” apanhado em flagrante e sem explicações para seu patrimônio pessoal ou com explicações que satisfariam apenas a titular do Governo. “São poucos presos pela corrupção que a gente vê”, assinala o procurador. “A Polícia Federal trabalha, o Ministério Público trabalha, o Judiciário trabalha. Dá a impressão, no fundo, de que a corrupção é tolerável e não precisa ser punida.” Ainda segundo Rockenbach, o dinheiro para a construção do presídio especial para corruptos sairia do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), que tem uma verba de R$ 1,8 bilhão contingenciada, praticamente sem aplicação e que mais dia menos dia cai na área dos destinatários da construção... Finalizando, o diligente procurador, na ação, propõe ainda a criação de uma equipe multidisciplinar para reeducar os presos, sejam prefeitos, governadores, ministros, deputados ou senadores com ensinamentos sobre ética, moralidade, honestidade e trato correto da coisa pública, não ficando afastado, igualmente, o recolhimento de beneficiários dos saques como filhos e filhas, esposas e amantes, irmãos e irmãs etc. A inusitada ideia rendeu boas gargalhadas em Brasília não faltando sugestões como a de “presídio cinco estrelas”, “spa dos malfeitores”, e “sauna da propina” com a contratação de equipes de massagistas, manicures e garçons para minimizar as agruras do afastamento do poder e de suas benesses. E aeroporto próximo para as visitas de aliados e correligionários. No Brasil tudo termina em samba...
(*) jornalista em Brasília
Deixe o seu comentário