Os primeiros japoneses em nova friburgo
Uma explicação
Há alguns anos, fui procurado por um dos Kassuga de Nova Friburgo e ele, gentilmente, passou às minhas mãos uma história escrita pela senhora Toku Kassuga – esposa do sr. Tohoro Kassuga –, matrona da família em Nova Friburgo, contando a interessante história da vinda dessa formidável família para o Brasil e a sua fixação em nossa cidade. Pena que a minha já fraca memória não me faz lembrar de quem a recebi.
Como essa história é pouco conhecida pelos friburguenses, resolvi tomar a iniciativa de publicar essa magnífica história em A Voz da Serra para que os meus conterrâneos fiquem sabendo dela. Naturalmente, pelo seu tamanho, a história vai ser contada em capítulos para que caibam no espaço que este jornal gentilmente nos concede.
Carlos Jayme Jaccoud
-PREFÁCIO-
Toku Kassuga era a filha mais velha do senhor Yonekiti Tonomura, gerente do antigo Banco de Shiga, no Japão, e que ocupava, nessa época, o cargo de ministro na igreja presbiteriana.
Seu marido, Tohoru Kassuga, após o ginásio, formou-se em agronomia, na Universidade de Tokyo.
Em 1926 a família emigrou para o Brasil, estabelecendo-se em Nova Friburgo, onde se dedicou à plantação de kakis que se tornaram conhecidos em quase todo o Brasil, pelo nome de “kakí Kassuga”.
Os dois filhos, que vieram juntos, apesar das dificuldades iniciais, receberam aqui esmerada educação. O primogênito, Tunney Kassuga, formou-se em medicina, e o segundo, em engenharia. Ambos desempenharam uma grande e eficiente atividade em seus ramos.
Em 1952, quando realizava uma viagem para conferências no Brasil, tive a oportunidade de visitar o casal Kassuga, em Nova Friburgo, quando recebi hospitalidade em sua casa durante duas noites e três dias e pude acompanhar de perto a vida que eles levavam. Nessa ocasião, o senhor Kassuga gozava de plena saúde.
No ano passado recebi, da senhora Toku, uma carta acompanhada das suas memórias, em japonês, escritas num seu diário e pedindo-me para que eu fizesse a sua revisão. Ela temia haver erros no seu japonês.
Estas memórias eram de data antiga e que faz crer que estiveram guardadas durante muitos anos e somente agora enviadas a mim, ante o sentimento de sentir-se com poucos anos de vida pela frente.
Fui esperando ter folga para a incumbência quando fui surpreendido com a notícia da sua morte, no dia 25 de março de 1971, sentindo-me constrangido por esta demora.
25 de abril de 1971
Yassuzo Shimizu
OBS: Yassuzo Schimizu foi o fundador da Faculdade de Obirim e amigo pessoal da Sra.Toku.
AOS MEUS NETOS
Dentro destas histórias não há nenhuma referência sobre o tempo que passamos em Belém. A nossa ida a Belém não deixa de ser uma grande benção de Deus, pois se nós morássemos somente aqui em Nova Friburgo talvez terminássemos a nossa existência igual ao caboclo, mas em Belém tivemos a oportunidade de conviver com japoneses e brasileiros da alta sociedade. Também Tohoro teve a oportunidade de se dedicar ao seu trabalho favorito, isto é, na formação da Colônia de Acará e orientar os colonos no período mais difícil de adaptação às novas terras.
Neste intervalo, o Tunney pôde prosseguir os seus estudos até o fim do ginásio e o Jorge, por sua vez, até o primeiro semestre do 4º ano ginasial, concluindo-o no Colégio Modelo em Nova Friburgo.
A nossa existência no Brasil é uma sequência de graças. Quando nos encontrávamos em dificuldade e rezávamos pela orientação de Deus, Ele sempre nos dava a Sua ajuda.
Aqueles que lerem estas minhas memórias sentirão claramente essa sequência de graças.
Agradecer a Deus, ter confiança e cumprir as suas missões são os deveres mais preciosos da humanidade.
Aos mui amados netos que vovô e vovó jamais esqueceram por um segundo, sejam as alegrias de Deus e sejam excelentes homens cumpridores dos seus deveres.
Toku Kassuga
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