A um passo do isolamento, Amparo pede ajuda

Segundo moradores, parte de rua pode afundar devido a bloqueio de rio por dono de sítio
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
O buraco que
O buraco que "engole" a rua (Fotos: Henrique Pinheiro)

No distrito de Amparo, os estragos da chuva de domingo, 22, são imensuráveis. A raiz do problema, segundo os moradores, é um bloqueio das sarjetas que impede que a água do córrego passe dentro de um sítio. Com isso, toda a água vai para as manilhas que não comportam o volume e descem pela Estrada de Amparo. A atitude do proprietário causou a revolta dos moradores, que agora cobram da prefeitura uma solução.

O principal local atingido foi a chamada Curva da Morte em que metade da pista cedeu. Uma casa foi interditada pela Defesa Civil. De acordo com os voluntários do Núcleo de Proteção e Defesa Civil de Amparo (Nupdec), a situação é tão séria que a próxima chuva forte pode afundar o resto da rua, deixando mais de 400 famílias isoladas.

Paulo César Martins, o Soró (foto), que mora na Estrada do Toledo, no Loteamento Tiradentes, não mediu as palavras para falar do problema. “Em 2016 veio a prefeitura, fez uma terraplanagem aqui em cima e não resolveu m... nenhuma. Peguei um empréstimo de R$ 20 mil, fiz um muro e agora uma cerca. Eles tinham que multar quem causou tudo isso”.

“Nem na época da tragédia essa água desceu. E agora a prefeitura vem, joga terra e pó de pedra em cima de buraco, mas na primeira chuva o problema volta. Tem que resolver na raiz. Para cortar uma árvore tem que avisar a prefeitura, mas o cara bloqueia uma sarjeta e não acontece nada?”, questionou Pierre de Castro (foto).

O suplente de vereador Maguila, que estava no distrito, informou à nossa equipe que uma ponte será construída para que a água não desça pela Estrada do Toledo. A medida não agradou os moradores, que sugeriram colocar manilhas maiores para a água escoar.

Composto por voluntários dispostos, o Nupdec tem feito a diferença. Constantemente confundido como órgão da prefeitura, os voluntários, identificados pelo colete laranja, mantêm contato durante 24h, monitorando toda a região. Eles são os primeiros a chegar quando há um problema. Apesar da ausência de sinal de telefone, via rádio, eles se comunicam e colocam seus veículos e suas vidas à disposição da população.

Mesmo assim uma pequena parte de moradores critica a ação dos voluntários. Otavio Machado (foto) afirma que já foi preciso interromper um serviço de ajuda, por medo de ser agredido. “Por conta da rua que cedeu, os carros passavam por dentro de um condomínio, no sistema “pare e siga”. Teve morador que quase nos agrediu por isso”, contou.

Responsável por administrar as doações que chegam, os voluntários fazem um apelo para a prefeitura. “Nós recebemos bastantes doações, mas precisamos de um carro para recolhê-las. Pouca coisa chegou. Pedimos à prefeitura para nos ceder um carro, não só para buscar as doações, como também para deixar um carro 4x4 na região para o caso da gente ser acionado e ter que fazer um resgate emergencial. Aqui é lama pura e carro baixo não passa”, pediu.

O que diz a prefeitura

Em nota, a prefeitura reconheceu que a causa do problema. “A Secretaria de Obras, irá realizar um trabalho de captação de água com manilhamento, em um terreno mais alto. A Secretaria entrará em contato com o morador para autorizar a construção em sua propriedade. A pretensão é de iniciar o serviço nos próximos dias”.

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Clima | obra
Publicidade