Luiz Augusto Queiroz
Pindorama – na língua dos índios: “Terra das Palmeiras”. Definição justa e perfeita para um lugar tão belo e com verde em abundância, como é o Sítio Pindorama, que recentemente se transformou em instituto e vem oferecendo oportunidades diversas para quem pretende praticar uma vida mais saudável, harmoniosa e equilibrada com seus semelhantes e, sobretudo, com a natureza. É tudo alternativo. Tudo mesmo. O convencional já deixou de existir há muito tempo.
Baseado em conceitos de sustentabilidade, o Pindorama hoje é uma ONG que a cada dia ganha mais adeptos, e não só de pessoas do Brasil, mas do mundo todo. Recentemente, o Instituto firmou uma parceira com a World Wide Opportunities on Organic Farms (Wwoof, sigla em inglês), uma rede mundial de intercâmbio de oportunidades de trabalho em fazendas orgânicas. E o fruto mais novo desta parceria é a presença de alguns estrangeiros no sítio, como dois americanos, Kyria Edwards, 20, e Forest Nis, 32, além da porto-riquenha Johanna Colon, 24. Fora os estrangeiros, há também brasileiros de diferentes partes do país, como Alysson Vinícius Rezende, 19, de Belo Horizonte (MG), Daniel Costa, 25, de Natal (RN), e David Marinho, 27, de Teresina (PI), entre tantos outros. Todos voluntários em busca de novas experiências e conhecimentos.
Nilson Dias, 29, conhecido também como Nilsinho, é o grande responsável por esta comunidade/escola alternativa, localizada no Circuito Ponte Branca, em Nova Friburgo. Nilson conta que já trabalhou como gerente de projetos para uma grande multinacional, porém não se adaptou ao ambiente corporativista e decidiu ir para um monastério na Índia. Lá permaneceu por três meses e se formou como professor de ioga. Em 2007 regressou ao Brasil e fundou a ONG Pindorama. Desde então vem desenvolvendo cursos, palestras, conferências e aulas dos mais variados temas. Há pouco tempo Thalles Abreu e Nilsinho ministraram cursos de luthieria (fabricação de instrumentos musicais), além de aulas de música para alunos da região. Para este projeto, Nilson conta que há poucos dias conseguiu firmar uma parceria com a Cotral Tractor, a fim de realizar terraplanagem no sítio. Neste espaço será construída uma luthieria para os alunos da comunidade.
Outro tema bastante recorrente também na comunidade é a bioconstrução — utilização de materiais reaproveitáveis, e outras fontes de matéria-prima, como o bambu, na construção civil e de móveis. E já que o tema é sustentabilidade, Nilsinho investe também em energia limpa e renovável. A maior prova disso é a utilização da tecnologia de placas fotovoltaicas que transformam a radiação solar em energia elétrica. O custo é relativamente baixo, pois em pouco tempo o dinheiro gasto em material se reverte, e no fim do mês não há contas de luz a pagar. Além das placas fotovoltaicas, o Pindorama também está prestes a utilizar a queda natural da água de uma das fontes do sítio como geração de energia. Nilsinho nos contou que pretende instalar uma roda d’água para gerar energia elétrica a partir da inclinação do morro por onde a água escorre. Mais uma forma de se te energia limpa, renovável e gratuita.
Nilsinho nos explica também que todo o Instituto Pindorama se concentra no conceito de “Ecovilas” e permacultura. “São modos de integrar a paisagem do local com a natureza”, explica. Apesar de novas, estas iniciativas vêm ganhando cada vez mais adeptos. As Ecovilas são formas permanentes de autossustentação, tanto no setor alimentício quanto energético. Com água em abundância, no Pindorama é possível se produzir agricultura orgânica de subsistência. E também a energia elétrica provinda dos raios solares e da queda d’água. E, além disso, o tempo todo as construções são partes integrantes do meio ambiente. É o conceito de permacultura aplicado na prática.
Já os resíduos sólidos (lixos) são separados: os orgânicos vão para compostagem e se transformam em adubos para as plantas cultivadas nos canteiros. Os não orgânicos são levados à cidade e colocados em postos de coleta seletiva, a fim de serem reciclados.
Espiritualidade
Além da preocupação com o meio ambiente, a ecologia e o consumo responsável e sustentável, o Pindorama também preza a paz interior de seus voluntários. Ioga e meditação fazem parte do cotidiano. “A rotina no instituto é diversificada e proveitosa”, relata Thalles Abreu. “Levantamos às 5h, fazemos meditação e depois ioga. Tomamos café às 9h e depois iniciamos os trabalhos. Uma parte do pessoal vai para a marcenaria, outra para a horta e outra arruma a sede. Depois todos se reúnem para almoçarmos juntos. Antes de irmos deitar, fazemos mais um pouco de meditação”, conta Thalles, um dos integrantes mais antigos do instituto.
Reconstrução
As fortes chuvas de janeiro também arrasaram boa parte do Pindorama. Parte da bambuzeria (similar à marcenaria), bem como do bambuzal — local onde se fazia a extração da matéria-prima — foram levadas por um forte deslizamento de terra. Por isso o instituto agora pede ajuda à sociedade e aceita doações de colchões, computadores novos ou usados, além de dinheiro. Se antes não realizava reflorestamento, pois não havia necessidade, agora a história é outra. Segundo Nilsinho, áreas que deslizaram com as chuvas deverão muito em breve ser cobertas por mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, plantadas pelos colaboradores. Além do reflorestamento, Nilsinho também pretende plantar mudas de bambu gigante, formando novos bambuzais.
Quem se interessou e pretende conhecer mais sobre o Instituto Pindorama basta acessar o site www.pindorama.org.br e acompanhar o trabalho do instituto, onde a cultura alternativa defende um modo diferente de viver.
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