Um exemplo de luta e de superação

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Dalva Ventura

Elaine Salgueiro Ferreira é uma guerreira. E vencedora. Em todos os sentidos. Sua história é um exemplo de luta e de superação. Sempre sorridente, ela garante que está ótima, apesar de ter perdido sua casa e um sobrinho na tragédia de janeiro, e do câncer que operou no ano passado, em meio a toda aquela crise.

Depressão? Elaine nem sabe o que é isso. Enfrentou tudo com a cara, a coragem e a ajuda de muita gente que encontrou pela frente. Seu calvário, digamos assim, começou quando descobriu um câncer em sua mama esquerda. Um susto daqueles! Ela admite ter ficado arrasada com o diagnóstico e nem poderia ser diferente. Uma notícia dessas mexe com a cabeça de qualquer um. Principalmente no caso de quem já havia encarado e vencido um câncer de ovário, em 2004.

Mas, enfim, o jeito era encarar o tratamento, viver tudo, outra vez. Elaine tinha terminado as sessões de radioterapia e estava com a mastectomia marcada quando o céu desabou sobre Nova Friburgo. Ela e a família perderam suas casas, na Rua Andrade Neves, Vilage, e, como centenas de friburguenses, vivenciou todo aquele drama. No momento do desabamento, os dez membros da família se abrigaram num quartinho de costura localizado embaixo da casa de uma das irmãs de Elaine. A barreira quase soterrou sua filha e seu genro que, cavando no escuro, tentaram, de todas as maneiras, salvar o marido de uma sobrinha. Sem sucesso.

Aqueles momentos de terror ninguém vai esquecer, admite Elaine. Num primeiro momento, os nove sobreviventes se abrigaram na varanda de um centro espírita, um dos poucos prédios que ainda estavam de pé. Até que um desconhecido lhes ajudou a descer o morro, o que fizeram escorregando na lama. Literalmente. Quando chegaram à pracinha da Vilage, a moradora de um prédio acolheu toda a família.

“Ela foi nosso anjo da guarda. O nome dela é Elvira. Esquentou água para todos nós tomarmos um banho quente, conseguiu roupa para cada um, serviu lanche, enfim, fez tudo que podia para nos ajudar naquele momento”, conta.

Em seguida, Elaine passou um mês na casa de uma irmã até que a Triumph, onde trabalha há 33 anos, desde o tempo da Filó, lhe cedeu uma casa onde ela mora com seus familiares até hoje. Aluguel social? Nada, apesar de ter feito várias inscrições. A cirurgia teve de ser adiada, claro. Mas, no fim de fevereiro, Elaine foi operada. Depois, encarou as sessões de quimioterapia, mas logo que pode, voltou a trabalhar.

E, mesmo sem sua casa, mesmo sem um peito, ela se sente feliz da vida. Principalmente agora que se prepara para ser vovó. Sua filha vai lhe dar um netinho em maio, seu filho também vai se casar. Elaine diz que a tragédia serviu para unir a família. “Aprendemos a ser mais tolerantes, a conviver melhor, a dar valor ao que realmente importa”, diz. Ela só não faz projetos. “Fiz tantos e todos foram por água abaixo. O que eu sei é que a gente tem de ser feliz com o que tem hoje e, sinceramente, eu me sinto feliz com o que eu tenho. A vida segue e viver é bom demais”, conclui.

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