Vinicius Gastin
Um dos mais antigos brinquedos do mundo sobrevive à modernidade — e, mesmo na era dos computadores e video games, ainda encanta pessoas de todas as idades. Assim como nos movimentos, a moda do ioiô "sobe” e "desce”, mas nunca desaparece. Está sempre voltando e conquistando novas gerações. Na tarde do último sábado, 8, um campeonato movimentou um shopping na cidade e atraiu 25 participantes, em um espetáculo de movimentos e habilidade dos concorrentes.
Os jovens Luan, Gustavo e Taison foram os três primeiros colocados e estão classificados para a grande final no próximo fim de semana, onde o vencedor será premiado com o console de video game Xbox. "Realmente, durante um tempo, a procura pelo ioiô diminuiu muito. Recentemente, a partir da criação da Confederação Brasileira, em 2000, o número de praticantes voltou a aumentar. Essa é a importância desse tipo de trabalho, como o nosso, de incentivar a prática desse esporte”, conta Alex Mendes, organizador do torneio.
Alex e Carlos Eduardo da Silva integram a equipe York e divulgam o esporte nas cidades por onde passam, principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Paraná, Ceará e Minas Gerais. Em Nova Friburgo, as competições estão acontecendo há um mês nos principais bairros. "A criançada chega a fazer até 500 voltas. O recorde no Brasil é de 1.200, 16 minutos de voltas e voltas. Aqui em Nova Friburgo, a galera chega a atingir dez minutos e o nível é bem considerável. A procura está crescendo muito. A quantidade de participantes nos campeonato aumentou bastante nos últimos três anos.”
O Brasil, conhecido como o país do futebol, é também o 3º maior em número de praticantes de ioiô, atrás apenas das Filipinas e dos EUA. Os campeonatos ocorrem regularmente, em modalidades diversas. Sejam elas profissionais, como a de Rolamento — cujas regras são utilizadas nos torneios nacionais e mundiais —, ou amadores, a exemplo da Peixe de Madeira, disputada em Nova Friburgo e outras cidades, as competições atraem participantes de várias idades. Ao todo, são sete manobras básicas: o dorminhoco, cachorrinho passeando, meia-volta, catarata, cachorrinho pulando a cerca — onde a pessoa coloca o ioiô por trás do braço —, balanço e as voltas e voltas, que decidem o torneio. "A idade é liberada. A categoria varia de acordo com o ioiô, 1A, com um ioiô, 2A, onde utilizamos dois, dentre outras”, explica Alex.
História: Magia resiste à evolução
A verdadeira origem do ioiô ainda é um mistério. Há uma pintura em um vaso grego de 500 BC retratando um garoto jogando ioiô. Acredita-se que o brinquedo chegou à Europa no final da idade média. De acordo com alguns relatos, as tropas de Napoleão brincavam com ioiôs — conhecidos como l’emigrette ou bandalore — antes das batalhas.
O tempo passou, o ioiô evoluiu e chegou à forma atual nas Filipinas, onde ainda possui popularidade recorde. Em 1928, o filipino Pedro Flores levou o ioiô para os Estados Unidos e começou a comercializá-los. A partir de então, o objeto constituído de dois discos feitos de plástico, madeira ou metal e presos por uma corda começou a conquistar o mundo.
Pouco tempo depois, o empresário Donald Duncan comprou a empresa de Pedro Flores e a transformou na Duncan Company. Em 1962, a empresa vendeu 45 milhões de ioiôs nos EUA — para uma população de 40 milhões de crianças. No Brasil, o brinquedo teve períodos de grande apelo, especialmente entre 1982 e 1995, impulsionados pelos ioiôs Coca-Cola/Russell. Desde 2002, a Associação Brasileira de Ioiô passou a ser responsável pela organização de campeonatos no Brasil e nesse mesmo ano o país teve o primeiro representante no Campeonato Mundial. Em 2003, Rafael Matsunaga fez história ao se tornar Campeão Mundial na modalidade Counterweight. O atleta brasileiro está entre os 12 do mundo inteiro a conquistar o título de National Yo-yo Master.
Nos últimos 20 anos, a tecnologia aperfeiçoou as primeiras versões do brinquedo. Nos anos 80, os ioiôs "inteligentes” retornavam para a mão do dono automaticamente. Na década seguinte, o uso de rolamentos nos ioiôs facilitou a execução de novas manobras. Atualmente, alguns são fabricados com materiais diferentes, acendem e fazem barulho. Com requintes de modernidade ou não, a essência não muda e a verdadeira magia do ioiô ainda resiste ao tempo.
Evento em shopping da cidade reuniu dezenas de pessoas
Manobra "Voltas e voltas” decide o campeão do torneio
Carlos Eduardo e Alex trabalham na divulgação do esporte pelo estado
Vencedores foram premiados com ioiôs, fieiras e camisas;
no próximo sábado, o ganhador da decisão leva um video game
Ioiô sobrevive à modernidade e ainda atrai o interesse das crianças
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